Paula Benevides, VP de pessoas da Natura: “As empresas costumam colocar o peso do bem-estar sobre o indivíduo: ‘durma bem, se alimente bem’. Nós estamos invertendo essa lógica” (Natura/Divulgação)
Repórter
Publicado em 31 de outubro de 2025 às 08h03.
A Natura deu um novo passo em sua jornada de bem-estar e liderança regenerativa. A companhia anunciou uma parceria com o pesquisador Jan-Emmanuel De Neve, da Universidade de Oxford, referência mundial em felicidade e bem-estar corporativo, para desenvolver um índice que mede o impacto do bem-estar dos funcionários nos resultados do negócio.
A metodologia será aplicada inicialmente no Brasil, México e Argentina, com apoio da startup MindDash, e é a primeira do tipo na América Latina.
“Queríamos transformar o propósito do bem-estar bem em ciência”, afirma Paula Benevides, vice-presidente de Pessoas, Cultura e Organização da Natura.
A busca pela metodologia, segundo Benevides, buscava não apenas olhar o bem-estar sob a ótica individual, mas correlacionar o ambiente organizacional e as condições de trabalho à performance do negócio.
A parceria com Oxford não é nova - a Natura já mantinha diálogo com pesquisadores da universidade em temas ligados à regeneração. Mas, segundo Benevides, a ideia de construir um modelo que correlacionasse o bem-estar com resultados financeiros nasceu há poucos meses.
O método desenvolvido por De Neve é amplamente utilizado por companhias como Lego, HSBC e Indeed na Europa e nos Estados Unidos. No entanto, esta será a primeira vez que a metodologia será adaptada à realidade socioeconômica e cultural da América Latina.
“Os estudos globais são robustos, mas não capturam nuances regionais”, diz Benevides. “Aqui, questões como segurança psicológica, flexibilidade e autonomia têm pesos diferentes dependendo da função e da região. Faltava um olhar latino para esses dados.”
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O índice da Natura analisará 6 grandes dimensões do bem-estar:
A base de dados que sustentará o projeto é extensa. “Temos pesquisas de engajamento, índices de afastamento, dados psicossociais e de saúde. A primeira fase consiste em analisar tudo o que já temos antes de novas pesquisas”, diz a executiva.
Os primeiros resultados devem ser divulgados no segundo semestre de 2026, após um ciclo de testes, correlações e grupos focais conduzidos por Oxford e pela equipe de RH da companhia.
O projeto está alinhado à Visão 2050 da Natura, que reforça o conceito de liderança regenerativa - um modelo que busca gerar prosperidade para o todo, e não apenas reduzir danos.
“As empresas costumam colocar o peso do bem-estar sobre o indivíduo: ‘durma bem, se alimente bem’. Nós estamos invertendo essa lógica”, afirma Benevides.
A meta é que o índice se torne um modelo de gestão corporativa, capaz de inspirar outras empresas a quantificarem o retorno de investir no bem-estar das pessoas.
“Há evidências de que companhias que cuidam de bem-estar performam melhor. Quando olhamos o S&P 500, as empresas que priorizam esse tema têm resultados superiores às demais”, afirma a executiva da Natura.
Além da nova metodologia, a Natura já mantém uma série de iniciativas voltadas à saúde integral dos funcionários, como:
“Temos muitas iniciativas sólidas, mas queremos dar o próximo passo: o de transformar o bem-estar em um modelo regenerativo que traga retorno mensurável para o negócio e para a sociedade”, diz Benevides.
A executiva afirma que o investimento no projeto é significativo, mas com retorno garantido.
“Mais do que se paga. Quando a gestão de bem-estar é feita de forma consistente, ela gera resultados concretos para o negócio,” afirma a VP de pessoas da Natura.
Para ela, o desafio agora é manter a empresa à frente das mudanças. “Vivemos um contexto global de múltiplas crises e de uma epidemia de solidão. O nosso papel é criar condições para que as pessoas estejam bem com elas mesmas e com o entorno. Esse é o verdadeiro 'bem-estar bem' — e é nele que estamos investindo.”