O que torna a síndrome do impostor tão desafiadora é o paradoxo em que ela se sustenta: quanto mais o profissional cresce, mais sente que não deveria estar ali. (seksan Mongkhonkhamsao/Getty Images)
Publicado em 27 de maio de 2025 às 17h19.
Você sente que não merece o cargo que ocupa? Tem dificuldade em aceitar elogios mesmo após entregar bons resultados? Acredita que é uma questão de tempo até que os outros descubram que você “não é tão bom assim”? Se essas sensações são frequentes, é possível que esteja enfrentando a chamada síndrome do impostor, um fenômeno psicológico silencioso que se tornou cada vez mais comum em ambientes corporativos exigentes.
A síndrome do impostor é uma distorção da autopercepção em que profissionais bem-sucedidos passam a acreditar que são uma fraude. Mesmo com histórico positivo, sentem que não têm competência e atribuem o próprio sucesso a fatores externos, como sorte ou ajuda de terceiros.
Esse sentimento, mais comum do que se imagina, costuma vir acompanhado de ansiedade, medo de exposição, perfeccionismo excessivo e autossabotagem. Muitos evitam promoções, deixam de se candidatar a vagas melhores e recusam novos desafios por medo de serem desmascarados.
A síndrome se manifesta de forma sutil e progressiva. Ela não é uma condição clínica isolada, mas um conjunto de pensamentos distorcidos que se intensificam em contextos de alta exigência, ambientes competitivos ou após mudanças profissionais importantes.
Os efeitos são profundos: além de comprometer a saúde mental, a síndrome pode limitar o crescimento na carreira, afetar o rendimento no trabalho e enfraquecer relações profissionais. O medo constante de não ser “bom o suficiente” leva à procrastinação, esgotamento emocional e rejeição ao reconhecimento.
O que torna a síndrome do impostor tão desafiadora é o paradoxo em que ela se sustenta: quanto mais o profissional cresce, mais sente que não deveria estar ali. Não se trata de falta de habilidade, mas de uma crença enraizada de que é preciso provar o tempo todo seu valor — e que isso nunca é suficiente.
Esse padrão afeta pessoas de todas as idades e níveis hierárquicos, mas é mais comum entre mulheres, profissionais negros, jovens em cargos de liderança e trabalhadores em áreas de alta performance.
Reconhecer que está enfrentando a síndrome do impostor é o primeiro passo para quebrar o ciclo. A partir daí, é possível desenvolver estratégias para lidar com o problema de forma prática:
Essas ações, combinadas, contribuem para um ambiente interno mais saudável e um desenvolvimento profissional mais sólido, sem o peso constante do medo de ser “desmascarado”.
O caminho para lidar com a síndrome do impostor inclui também autocompaixão — ou seja, tratar-se com mais gentileza — e a busca por ajuda profissional quando necessário. Psicoterapia e acompanhamento psicológico são ferramentas eficazes para desmontar crenças limitantes e reforçar a autoestima.
Do lado das empresas, criar uma cultura de apoio é essencial. Ambientes onde o diálogo sobre inseguranças é incentivado, e onde o reconhecimento é constante, tendem a reduzir a incidência do problema. A síndrome não é sinal de fraqueza — é um alerta sobre os efeitos de pressões mal gerenciadas.