Um recurso que pode contribuir com esse processo é treinar (izkes/iStockphoto)
Publicado em 14 de setembro de 2025 às 18h31.
Por Paula Esteves, Co-CEO da Cia de Talentos, diretora da ABRH Berrini e da ONG Instituto Ser+
Vamos direto ao ponto: não existe uma única resposta certa para as perguntas de uma entrevista. Podemos usar a famosa “por que você quer trabalhar aqui?” como exemplo, mas, na prática, o que vale para ela também vale para tantas outras questões que surgem nesse momento.
O que tenho observado é que, em vez de respostas sinceras e conectadas à trajetória e aos interesses reais de cada indivíduo, muita gente aposta em roteiros prontos, quase sempre decorados para agradar as empresas. Isso gera um efeito parecido com uma audição para o cinema: pessoas candidatas interpretando falas ensaiadas, enquanto quem faz o recrutamento direciona perguntas genéricas.
O resultado? Um encontro que segue um script genérico e, portanto, não revela de fato quem está de cada lado.
Para sair dessa mecânica batida, é preciso mudar a lógica. De um lado, empresas que padronizam demais o processo perdem a chance de conhecer histórias únicas. Do outro, profissionais que decoram “falas" de um roteiro deixam de mostrar seu verdadeiro valor.
Isso não significa que não seja necessário um preparo prévio. O segredo é fazer isso, mas sem tornar o processo um ensaio para a apresentação de uma cena.
Vale refletir sobre a sua trajetória, entender o que você busca neste momento da carreira e como aquela vaga pode se conectar com a sua história. Só que isso é muito diferente de decorar um texto pronto feito sob medida para agradar quem está do outro lado.
Um recurso que pode contribuir com esse processo é treinar. E, aqui, a tecnologia é uma excelente aliada.
Ferramentas como o ChatGPT, por exemplo, podem simular entrevistas, gerar perguntas e ajudar você a organizar ideias. Mas a chave é usar isso como apoio porque a entrevista precisa refletir a sua essência, não a de uma inteligência artificial.
Quando perguntarem “por que você quer trabalhar aqui?”, ou qualquer outra questão clássica, responda com sinceridade. O que o recrutador quer entender é se existe conexão entre o que você busca e o que a empresa oferece. Não é sobre bajular a marca ou repetir o que está escrito no site institucional.
Portanto, antes de olhar para fora, olhe para dentro. Pense no que você valoriza em um ambiente de trabalho, em que fase da sua carreira está, e como aquele lugar pode fazer parte da sua trajetória. Essa reflexão ajuda a construir respostas únicas, que são muito mais poderosas do que qualquer fórmula pronta.
No fim das contas, vale lembrar: não existe um modelo certo para todo mundo. Cada trajetória é única — e é justamente isso que deve aparecer em uma entrevista.
Para se destacar, não é preciso se encaixar em um padrão. O importante é saber se mostrar de verdade, de forma profissional, clara e autêntica.