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'Com a força do agro, o Brasil pode ser o novo motor global da Kraft Heinz', diz presidente

Após trazer Burger King e Popeyes ao país, Ariel Grunkraut lidera a Kraft Heinz Brasil rumo à potência global. Veja a entrevista completa no podcast “De frente com CEO”

Ariel Grunkraut, CEO da Kraft Heinz Brasil: “O Brasil é um celeiro de talentos, e queremos continuar exportando excelência. Sempre aconselho: seja o CEO da sua própria carreira” (Leandro Fonseca /Exame)

Ariel Grunkraut, CEO da Kraft Heinz Brasil: “O Brasil é um celeiro de talentos, e queremos continuar exportando excelência. Sempre aconselho: seja o CEO da sua própria carreira” (Leandro Fonseca /Exame)

Publicado em 9 de junho de 2025 às 07h59.

Última atualização em 9 de junho de 2025 às 11h40.

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Ariel Grunkraut chegou à presidência da Kraft Heinz Brasil em novembro de 2024 com uma missão clara: destravar o potencial das marcas da companhia no país e posicionar o Brasil como um dos motores globais de crescimento da gigante alimentícia que tem sede nos Estados Unidos.

No podcast De Frente com CEO, da EXAME, o executivo compartilhou sua trajetória — que começou na Ambev e ganhou força ao liderar a chegada do Burger King e do Popeyes ao Brasil —, e detalhou o plano estratégico da empresa para os próximos anos.

“Mais do que alimentar, a comida tem poder emocional no Brasil. Ela conecta, celebra e une pessoas. Fazer parte de uma empresa que entrega isso me realiza profundamente”, afirma Grunkraut.

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Uma startup gigante no Brasil

Apesar de ser uma das cinco maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo, a Kraft Heinz está no Brasil há apenas uma década. A operação local começou com a aquisição da marca “Quero” e foi ampliada com as marcas “Heinz”, “Hemmer” e “BR Spices”. Hoje, o portfólio é robusto — mas a penetração ainda pode melhorar.

“A Heinz é líder de mercado, mas está presente em apenas 20% dos lares brasileiros. A oportunidade de crescimento é imensa”, diz o executivo. “Com apenas 10 anos no mercado brasileiro, somos praticamente uma startup."

A aposta no agro e na tecnologia nacional

Para ampliar essa presença, Grunkraut aposta na eficiência de produção brasileira. O Brasil já é a segunda maior operação global de processamento de tomate da Kraft Heinz, atrás apenas dos EUA, e pode se tornar um hub de exportação para a América do Sul – já que possui 4 das 6 fábricas latino-americanas.

“Nosso preço é competitivo, não dependemos de importação e estamos investindo para aumentar ainda mais a eficiência no campo”, afirma o CEO.

A verticalização da cadeia é um dos diferenciais da operação brasileira. “A Kraft Heinz cultiva tomate, milho e pepino em parceria com produtores nacionais, aplicando técnicas de alta tecnologia, como uso de drones e sensores”, conta Grunkraut.

“Temos mais de 150 variedades de sementes adaptadas ao clima e ao solo brasileiro. A obsessão pela qualidade começa no campo”, afirma o CEO, que já visitou todas as fábricas da empresa no Brasil e faz questão de estar próximo dos produtores. “Ser CEO exige humildade para aprender e escutar. Eu nunca tinha trabalhado com agro, mas estou mergulhado nisso.”

O setor do agronegócio é essencial não apenas para o abastecimento local, mas para sustentar o crescimento acelerado da operação brasileira, que tem registrado avanço de dois dígitos ao ano, diz o CEO.

“Nossa expectativa é continuar crescendo com eficiência, tecnologia e produtos de qualidade. O Brasil pode ser protagonista no fornecimento de alimentos para a região”, afirma.

A operação no Brasil (que cresceu dois dígitos, segundo o CEO) ajudou o faturamento global da Kraft Heinz a se manter estável no último ano. Tanto em 2023 quanto em 2024, a companhia registrou vendas líquidas de aproximadamente US$ 26 bilhões.

Plantando autonomia e diversidade para colher uma conexão humana

Para ser um líder presente e atento, Grunkraut instituiu práticas como o “Café com o Presida”, reuniões quinzenais com funcionários de todos os níveis da empresa. “Conheci histórias muito boas, como a de seu Jorge, funcionário com 45 anos de carreira na Hemmer. Um CEO precisa gostar de ouvir pessoas.”

Na frente de diversidade, a Kraft Heinz Brasil já superou a meta de equidade de gênero: 55% dos cargos de liderança sênior são ocupados por mulheres, e todas as etapas finais de seleção têm obrigatoriamente candidatas e entrevistadoras mulheres para evitar vieses. “O processo seletivo é uma maratona, mas temos orgulho do que já construímos.”

A cultura da empresa também estimula o desenvolvimento internacional. Há brasileiros em posições de liderança global em escritórios como Londres, Amsterdã e Chicago.

“O Brasil é um celeiro de talentos. E queremos continuar exportando excelência,” diz Grunkraut.

O equilíbrio entre a caneta e o espeto do churrasco

O maior desafio da carreira de Grunkraut foi deixar de ser o especialista técnico para se tornar o líder que menos entende da maioria dos temas.

“A liderança exige escuta ativa, humildade e dedicação constante ao aprendizado”, diz. Entre as decisões mais difíceis, ele cita a reestruturação do portfólio da Hemmer, que envolveu descontinuar produtos icônicos como a beterraba e o palmito. “Foi emocionalmente duro, mas necessário.”

Para manter o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, Grunkraut se apoia em duas paixões: churrasco e esportes. “Meu filho virou especialista na grelha. Toda semana juntamos a família e amigos em volta da mesa. Também faço musculação e corro. O descanso faz parte da alta performance”, afirma.

Segundo o CEO, se você não encontra tempo para descansar e se cuidar, ninguém fará isso por você.

“Um conselho que eu dou para todo mundo: não espere a empresa, você precisa ser o CEO da sua própria carreira,” afirma.

O futuro do setor - e da empresa no Brasil 

Com o consumidor cada vez mais atento aos ingredientes, Grunkraut vê a busca por alimentos saudáveis como o maior desafio — e a maior oportunidade — do setor. “O consumidor quer saber o que está comendo. No ketchup Heinz, há apenas seis ingredientes naturais e nada de letra miúda. É isso que o mercado pede,” afirma.

Com cerca de 4.300 funcionários e uma cadeia produtiva totalmente integrada ao agronegócio nacional, a operação brasileira da Kraft Heinz já figura entre as cinco maiores do mundo. Mas, segundo o CEO, a verdadeira ambição vai além dos números.

“O Brasil é grande, mas ainda está bem atrás dos Estados Unidos e do Canadá, que juntos respondem por quase 80% do volume global da Kraft Heinz. Nosso papel é ser o motor de crescimento da companhia nos mercados emergentes”, afirma.

Grunkraut vê no país não apenas uma plataforma de crescimento regional, mas também uma oportunidade de construir um legado de excelência e inovação, que sirva como modelo para outras operações da multinacional.

“Mais do que ser o terceiro maior mercado, queremos ser reconhecidos pela qualidade das nossas pessoas, da nossa agricultura e das nossas marcas.”

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