Eduard Folch Rue, CEO da Allianz Brasil: "O sucesso da companhia está no senso de dono dos funcionários" (Allianz Seguro/Divulgação)
Repórter
Publicado em 22 de setembro de 2025 às 15h23.
Última atualização em 22 de setembro de 2025 às 15h26.
A seguradora Allianz Brasil está em plena transformação para dobrar seu faturamento até 2027. O plano, iniciado em 2023, envolveu 200 dos 1.800 funcionários da empresa, organizados em 14 frentes multidisciplinares. A estratégia é focada em crescimento e já trouxe resultados concretos: no primeiro semestre de 2025, a companhia registrou R$ 5,4 bilhões em receitas no Brasil, alta de 23% em comparação ao mesmo período do último ano, frente a um crescimento de apenas 8% do mercado.
O diferencial, segundo Eduard Folch Rue, CEO da Allianz Brasil, está na forma como a empresa decidiu organizar a expansão.
“Cada uma dessas iniciativas tem um dono. Uma pessoa que acreditou na ideia, convenceu o grupo multidisciplinar e apresentou ao comitê executivo. Esse senso de dono é o que está fazendo a diferença”, afirma Rue.
As frentes criadas pela Allianz abrangem desde novos produtos e marketing até eficiência operacional, tecnologia e voz do cliente. A metodologia aplicada é a de dividir grandes projetos em entregas menores, com ganhos semanais para clientes e corretores.
“O caminho tradicional é ter um projeto enorme que demora anos para entregar. Nós fatiamos as iniciativas em pedaços pequenos, de forma que a cada poucas semanas conseguimos entregar melhorias para o cliente ou para o corretor”, afirma o executivo.
Entre os exemplos já implementados estão:
A Allianz Brasil se destacou em segmentos como agronegócio, residência e automóveis. Apenas no seguro rural, o crescimento foi de 91% em 2024, tornando a empresa a segunda maior do país, atrás apenas do Banco do Brasil.
“Crescemos porque aproximamos os produtos do que os corretores queriam e do que os clientes realmente precisam. Isso vale para o agronegócio, para o seguro de vida coletivo e até para os produtos de transporte”, diz Rue.
Apesar dos números, o CEO reconhece que a penetração do seguro no Brasil ainda é limitada.
“O grande desafio do setor é se dar a conhecer. O mercado de seguros representa 6% do PIB e emprega meio milhão de pessoas, mas é pouco reconhecido pela população. Nosso papel é mostrar o impacto econômico e social que o seguro tem na vida das pessoas”, afirma.
Ele cita como exemplo o serviço de guincho, utilizado por 25% dos segurados de automóveis todos os anos.
“É o momento da verdade. Você está parado na estrada e precisa de atendimento rápido. Na maioria dos casos, chegamos em menos de 45 minutos. Esse é o tipo de serviço que faz diferença na vida do cliente.”
Outro pilar da estratégia é a adoção da inteligência artificial (IA), tanto para melhorar o atendimento quanto para aumentar a produtividade dos times.
“A inteligência artificial mudou a lógica do atendimento. Antes, o cliente precisava percorrer um menu até chegar na sua demanda. Agora, nós identificamos o cliente e oferecemos diretamente o que ele provavelmente precisa, seja pagar um boleto ou acompanhar um sinistro. Isso dá uma qualidade de atendimento infinitamente melhor”, afirma Rue.
Além do atendimento, a IA também está no centro da transformação cultural. A companhia criou hubs de conteúdo, treinamentos e hackathons para mobilizar funcionários a usarem a tecnologia em suas rotinas.
“O sucesso do projeto de transformação não está apenas no investimento em tecnologia, mas na mudança cultural. As pessoas sentiram confiança para expor ideias, assumir iniciativas e compartilhar o objetivo comum de dobrar a companhia.”
A Allianz Brasil planeja seguir crescendo em seguros de vida coletiva, transportes e automóveis - setor que deve ganhar novas adaptações com a chegada gradual dos veículos elétricos.
“O automóvel elétrico ainda não decolou no Brasil, mas já é assegurável e não apresenta um custo muito maior que os veículos tradicionais. Estamos preparados para acompanhar esse movimento”, afirma o CEO.
A Allianz Seguros Brasil está presente no país há 120 anos e atua em todas as linhas de seguros, exceto saúde e previdência (VGBL). Em 2024, registrou R$ 9,7 bilhões de faturamento e R$ 290,5 milhões de lucro líquido, com 56 filiais, mais de 30 mil corretores ativos e 50 assessorias de seguros.
Globalmente, o Grupo Allianz faturou € 179,8 bilhões em 2024, com lucro líquido de € 16 bilhões, e é dono de marcas como a gestora de ativos PIMCO. No primeiro semestre de 2025, alcançou o maior resultado semestral de sua história: € 98,5 bilhões em faturamento (+10,1%) e € 8,6 bilhões em lucro operacional.
No Brasil, além de sua atuação no setor, a Allianz dá nome ao Allianz Parque, arena inaugurada em 2014 que já recebeu mais de 15 milhões de pessoas.