(Heiko119/Getty Images)
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Publicado em 1 de julho de 2025 às 15h00.
Última atualização em 1 de julho de 2025 às 16h22.
A produção de aço e ferro, alicerces da infraestrutura e do desenvolvimento global, é também uma das mais intensivas em carbono. Anualmente, o setor é responsável por aproximadamente 24% das emissões industriais de gases de efeito estufa (GEE) e cerca de 8% das emissões globais de CO₂e (dióxido de carbono equivalente).
Este cenário impõe uma reavaliação estratégica profunda, na qual a descarbonização não é apenas uma meta ambiental, mas uma necessidade imperativa para a sustentabilidade do planeta. Sem uma transformação na siderurgia, os objetivos climáticos globais serão inatingíveis.
Com a vasta maioria dessas emissões – cerca de 95% – provenientes de altos-fornos a carvão, a transição para um futuro de baixo carbono na siderurgia depende intrinsecamente da eletrificação. Isso implica a adoção massiva de fornos elétricos a arco (FEAs) alimentados por eletricidade renovável, viabilizando a produção de aço de baixo carbono em escala.
A matéria-prima que alimenta esses FEAs é crucial: sucata de aço e ferro de redução direta (DRI), como o ferro briquetado a quente (HBI). Quando o HBI é produzido com energia renovável, ele ganha a denominação de Ferro Verde.
O Ferro Verde (HBI) detém um potencial transformador para reduzir drasticamente a pegada de carbono do setor. Estudos especializados indicam que sua utilização pode levar a uma redução de até 99% nas emissões de CO2 em comparação com a metalurgia tradicional baseada em alto-forno a carvão. Este avanço representa um salto qualitativo para a sustentabilidade industrial e para o enfrentamento da crise climática.
Em um movimento estratégico para fortalecer sua economia verde, o Canadá incluiu o minério de ferro de alta pureza – essencial para a produção do ferro verde – em sua Lista de Minerais Críticos. Essa decisão, impulsionada pela demanda por descarbonização da indústria siderúrgica global, posiciona o Canadá na vanguarda da oferta de materiais sustentáveis.
A medida canadense não só visa garantir o abastecimento para si e seus aliados, mas também incentiva investimentos e o desenvolvimento de cadeias de valor mais limpas para esses minerais estratégicos, reforçando o compromisso do país com a transição energética global.
Já no Brasil, a Vale e a Brazil Iron emergem como aliadas estratégicas na descarbonização da indústria siderúrgica com a promessa de produzir ferro verde (HBI) de alta qualidade para cadeia do aço.
A Brazil Iron, por exemplo, pretende produzir ferro verde (HBI) e ferro de baixo carbono, fornecendo a matéria-prima essencial para a transição dos altos-fornos a carvão para os fornos elétricos a arco.
A meta da Brazil Iron, ao produzir ferro verde para uso em FEAs, é evitar cerca de 17,5 milhões de toneladas de emissões de CO₂e por ano em comparação com as rotas tradicionais de alto-forno a carvão. Ao longo da vida útil do projeto, a estimativa é que sejam evitadas aproximadamente 473 milhões de toneladas de emissões de CO₂e,
O objetivo de zerar emissões líquidas zero passa pelo desenvolvimento de um projeto que utilizará energias renováveis, tecnologia de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) e hidrogênio verde (H2).
A experiência de mercado nos ensina que a transformação de uma indústria tão robusta e fundamental não ocorre sem compromisso e inovação. O papel do ferro verde é, portanto, não apenas técnico, mas também estratégico para o futuro do nosso planeta.
Reduzir em até 99% as emissões em um dos maiores poluidores industriais é um passo monumental em direção a um futuro mais seguro e sustentável. Esse alinhamento entre a produção industrial e as metas climáticas globais é o melhor legado que podemos deixar para as próximas gerações.
*Emerson Souza é o Vice-Presidente de Relações Institucionais da Brazil Iron. O executivo assumiu essa posição após ter comandado o departamento de comunicação da companhia por dois anos.
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