Quando a cultura vira experiência, o engajamento deixa de ser algo que se cobra (FG Trade/Getty Images)
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Publicado em 15 de maio de 2025 às 15h00.
Por Paulo Farnese
Imagine uma empresa onde os colaboradores não apenas “vestem a camisa”, mas ajudam a desenhá-la. Onde os valores não estão só nas paredes, mas nas atitudes diárias. Onde engajamento não se mede apenas por métricas no papel, mas pelo brilho nos olhos de quem faz acontecer. Essa é a potência do endomarketing experiencial, e o que separa culturas vivas de discursos vazios.
Segundo a Gallup, empresas com equipes altamente engajadas têm 23% mais lucratividade e 81% menos absenteísmo. Por outro lado, o desengajamento custa à economia global cerca de US$ 8,8 trilhões por ano, o equivalente a 9% do PIB mundial. No Brasil, apenas 27% dos trabalhadores se dizem ativamente engajados. O dado é provocador, mas serve de alerta: cultura organizacional se comunica, se constrói e, acima de tudo, se experiência.
Endomarketing experiencial é a intersecção entre branding interno, cultura organizacional e live marketing. É quando a estratégia de engajamento se conecta às emoções, ao repertório e ao comportamento real das pessoas, criando experiências que não só comunicam a cultura da empresa, mas a fazem acontecer.
Em vez de campanhas genéricas ou treinamentos engessados, ações como imersões simbólicas, rituais internos com significado e momentos de celebração coletiva promovem o pertencimento de forma ativa. Mais que uma ação pontual, trata-se de construir rituais vivos que sejam replicáveis, adaptáveis e genuinamente conectados ao DNA da marca.
Internamente tenho vivenciado isso de perto. Iniciativas como o “Tamo Junto”, são exemplos de como premiar e reconhecer não é só sobre dar algo, é sobre criar um enredo compartilhado. Com o tema “A Imensidão em Nós”, a experiência foi desenhada para simbolizar o alcance de conquistas coletivas, e não apenas metas individuais. Tudo foi pensado com base em escuta ativa, perfis comportamentais e os valores que já moviam a equipe.
Por aqui, os rituais internos se tornaram práticas que fortalecem a cultura no dia a dia: encontros mensais com espaço para vulnerabilidade, dinâmicas de integração não obrigatórias e momentos espontâneos de reconhecimento criam uma cultura em que o time não apenas entrega projetos, entrega energia.
Treinamento tradicional | Endomarketing experiencial |
Comunicação vertical | Co-criação horizontal |
Conteúdo genérico e massificado | Personalização com base em dados e escuta |
Ênfase em metas e desempenho | Ênfase em propósito, conexão e jornada |
Foco no conteúdo | Foco na vivência e na memória emocional |
Quando a cultura vira experiência, o engajamento deixa de ser algo que se cobra, e passa a ser algo que se vive. E se seus colaboradores não estão “engajados”? Talvez a pergunta certa não seja sobre esforço, mas sobre direção: essa cultura foi construída com eles em mente? O futuro do trabalho não se sustenta apenas com slides de boas intenções. Ele exige propósito, identidade e conexão real. Porque a cultura não se inventa, não se impõe e definitivamente não cabe numa apresentação em PowerPoint. Cultura se vive, se sente e, quando verdadeira, se espalha.
Essa mesma lógica vale para áreas que historicamente foram tratadas com pragmatismo, como vendas. Criamos recentemente um conteúdo que fala exatamente sobre isso: como transformar a cultura em protagonista da performance comercial. Mais do que boas práticas de endomarketing, uma cultura de vendas viva e madura precisa de estrutura estratégica. Ela se sustenta em quatro pilares fundamentais:
Talvez o desafio não seja “engajar” as pessoas. Talvez o desafio seja construir uma cultura que faça sentido para elas, seja no discurso, na prática e no dia a dia. Porque uma cultura de verdade não precisa ser lembrada. Ela é impossível de se esquecer.
*Paulo Farnese é sócio-fundador e CEO da EAÍ?! Content Experience, agência de live marketing, cuja premissa é gerar experiências de conteúdo direcionadas aos negócios nacionais e internacionais.
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