O crescimento econômico visto na região é evidente (Jacobs Stock Photography Ltd/Getty Images)
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Publicado em 9 de junho de 2025 às 15h00.
Por Rubens Silveira Neto e Lupércio Alves Cruz de Carvalho*
O Estado da Bahia desponta como um dos maiores protagonistas da transição energética no Brasil, e sua contribuição vai além do fornecimento de energia limpa. Os projetos de energia renovável, em especial solar e eólica, estão reescrevendo a história socioeconômica do Semiárido, alavancando uma economia verde e sustentável que respeita a Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, e transforma a vida das comunidades que nele habitam.
A Caatinga, com seu clima desafiador e vastas extensões de terras, encontrou nos projetos de energia renovável uma nova vocação. O bioma, que muitas vezes enfrentou o estigma de ser improdutivo, tornou-se palco de grandes empreendimentos solares e eólicos, com impacto direto na economia de municípios, entre eles, Uibaí e Ibipeba.
O crescimento econômico visto na região é evidente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a arrecadação municipal de localidades com projetos de energia renovável registrou saltos expressivos. Em Uibaí, por exemplo, a receita tributária cresceu significativamente nos últimos 10 anos, com um aumento de 130%, e hoje já ultrapassa R$ 58 milhões. O PIB per capita anual saltou de menos de R$ 5 mil para mais de R$ 12,6 mil, após a instalação de parques eólicos e solares, permitindo investimentos em infraestrutura e qualidade de vida para a população.
Além disso, o impacto positivo não se limita às finanças públicas. A criação de empregos diretos e indiretos durante a construção e operação dos parques, aliada a programas de capacitação para as comunidades locais, têm reduzido a migração de trabalhadores para outras regiões, fortalecendo o tecido social e econômico da Caatinga. A região ganhou uma nova vocação, com efeitos socioeconômicos muito positivos.
Um dos grandes méritos dos projetos de energia renovável na Bahia é a forma como conciliam desenvolvimento econômico e preservação ambiental. O licenciamento ambiental exigido para esses empreendimentos é técnico e rigoroso, o que garante que a fauna, a flora e os recursos hídricos da Caatinga sejam efetivamente protegidos.
Além disso, os parques eólicos e solares operam com baixíssimas emissões de carbono, o que também significa uma enorme contribuição para os esforços globais de mitigação das mudanças climáticas. É importante destacar que a conservação ambiental e a geração de energia limpa são os alicerces para a construção de um futuro mais sustentável.
A Bahia sempre foi reconhecida por sua diversidade cultural e riqueza natural. Agora se consolida como um dos maiores polos de energia renovável do Brasil. Esse movimento não só atrai investimentos nacionais e internacionais, mas também posiciona o estado como um exemplo de economia verde para o país.
A criação de um cluster regional focado para a cadeia produtiva em torno da energia renovável — incluindo a fabricação de componentes para turbinas eólicas e painéis solares — amplia os benefícios econômicos, gerando mais empregos e fortalecendo setores industriais locais. Mais: ajuda a transferir conhecimento e tecnologia para os baianos, de forma a inseri-los na nova economia verde. Para os municípios do Semiárido, isso significa não apenas aumento de arrecadação, mas também uma nova perspectiva de desenvolvimento sustentável.
Mais do que uma solução para a crise climática, os projetos de energia renovável na Bahia representam um legado transformador para as comunidades da Caatinga. Ao integrar as dimensões econômica, social e ambiental, esses empreendimentos mostram que é possível crescer preservando, inovar respeitando e desenvolver cuidando.
Enquanto as turbinas eólicas e os painéis solares convertem os elementos da natureza em energia limpa e sustentável, o impacto desses projetos ressoa para muito além disso. Eles estão mudando o destino de milhares de baianos, ressignificando a economia da Bahia e o papel da Caatinga como um símbolo de resiliência e renovação.
O futuro da Bahia está cada vez mais verde, e isso não é apenas uma metáfora: é uma realidade construída com planejamento, investimento e compromisso com a sustentabilidade. Que esse modelo continue a inspirar o estado e o Brasil na construção de um futuro em que a economia e meio ambiente coexistam em harmonia.
Por Rubens Silveira Neto e Lupércio Alves Cruz de Carvalho, advogados do escritório Milaré Advogados, o primeiro no Brasil dedicado exclusivamente à advocacia Ambiental.
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