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Inteligência artificial e a evolução legal: como legislar sobre uma tecnologia disruptiva?

Como os legisladores podem equilibrar inovação e responsabilidade na criação de normas para a tecnologia que transforma o futuro?

Legislação da inteligência artificial é assunto de destaque em países de todo o mundo (Sanseret Sangsakawrat/Getty Images)

Legislação da inteligência artificial é assunto de destaque em países de todo o mundo (Sanseret Sangsakawrat/Getty Images)

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Publicado em 20 de março de 2025 às 15h00.

Por Renato Opice Blum*

À medida que a inteligência artificial (IA) avança rapidamente, governos e legisladores em todo o mundo enfrentam o desafio de criar um arcabouço legal que acompanhe essa evolução tecnológica. O futuro das leis em IA é um tema central nas discussões sobre ética, responsabilidade e inovação, refletindo a necessidade de equilibrar o progresso com a proteção dos direitos individuais e coletivos.

Responsabilidade e transparência nas decisões da IA

Uma das principais preocupações legais é a responsabilidade por decisões tomadas por sistemas de IA. Em setores como saúde, transporte e finanças, a tomada de decisão automatizada pode ter consequências significativas. Definir quem é responsável — desenvolvedores, operadores ou a própria máquina — é uma questão complexa que requer legislação clara e específica. Além disso, a transparência nos algoritmos utilizados pela IA está ganhando destaque, visando garantir que as decisões sejam compreensíveis e auditáveis.

Disputas tecnológicas e propriedade intelectual

Recentemente, com a explosão da DeepSeek, a indústria responsável pelos grandes e famosos modelos de IA, levantou questões complexas acerca da captação de dados e aprendizagem da IA chinesa. A técnica, conhecida como “destilação”, faz com que uma IA com menos potência possa alimentar-se de um sistema maior e mais robusto.

A OpenAI acusa a DeepSeek de violação à propriedade intelectual da empresa americana, pois desenvolveu seu escopo tecnológico baseado no código fechado da OpenAI. Rumores são vistos ao redor do mundo, mas a única certeza é que o direito será protagonista nos próximos capítulos, bem como relações internacionais precisarão ser postas em prática a fim de estabelecer mecanismos de controle e promulgação de acordos comerciais.

A corrida tecnológica e os desafios para os direitos fundamentais

Será que entramos em uma nova Guerra Fria tecnológica? Direitos fundamentais estão em jogo com a nova corrida da IA. Além das regulamentações nacionais, há uma crescente necessidade de cooperação internacional na criação de normas globais para a IA. A natureza transnacional da tecnologia requer acordos que harmonizem as legislações de diferentes países, facilitando a inovação e garantindo a segurança e a proteção dos usuários em escala global.

Privacidade, proteção de dados e legislação internacional

A privacidade e a proteção de dados são outros aspectos cruciais. Com a capacidade da IA de processar grandes volumes de informações pessoais, as leis futuras deverão estabelecer limites rigorosos sobre como os dados são coletados, armazenados, utilizados e compartilhados entre os países. Regulamentações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil já pavimentam o caminho, mas adaptações contínuas serão necessárias para acompanhar as inovações tecnológicas.

Ética e justiça social no desenvolvimento da IA

A ética na IA também está no centro das discussões legislativas. Questões como preconceito algorítmico, discriminação e o impacto no mercado de trabalho exigem abordagens jurídicas que promovam a equidade e a justiça social. Leis futuras deverão incentivar o desenvolvimento de IA responsável, promovendo a diversidade nos conjuntos de dados e garantindo que os sistemas sejam projetados para evitar vieses.

Conclusão: transformação e colaboração para um futuro responsável

Em suma, o futuro das leis em inteligência artificial está em uma fase de transformação contínua, refletindo a complexidade e o impacto crescente dessa tecnologia. O diálogo entre desenvolvedores de tecnologia, legisladores, acadêmicos e a sociedade civil será essencial para moldar as regulamentações em inteligência artificial. Este processo colaborativo visa criar um ambiente legal que promova a inovação responsável, minimizando riscos e maximizando os benefícios da IA para a sociedade.

*Renato Opice Blum, advogado e economista. Professor da ESPM/FAAP/Mackenzie/INSPER e Chairman no Opice Blum Advogados. Presidente da Comissão de Estudos de Novas Tecnologias, Neurodireitos e Inteligência Artificial do IASP.

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