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Johan Rockström lidera o Pavilhão da Ciência Planetária na COP30 (Global Climate Action Summit, Nikki Ritcher Photography/Wikimedia Commons)
Diretor-geral da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 13 de novembro de 2025 às 10h00.
O terceiro dia de COP30 começou com muitos comentários sobre o protesto realizado ontem, em que alguns manifestantes forçaram entrada na área restrita do evento, após a saída da grande maioria dos participantes.
Trata-se de uma das coisas que podem acontecer em ambientes com direito a livre manifestação. Como antecipamos, eram esperados protestos diversos, com seus possíveis desdobramentos em instantes de maior exaltação.
Pacificado o ponto da necessária manifestação da sociedade civil, destacamos hoje como a COP30 do clima vem se consolidando como um espaço de participação múltipla, em que diferentes atores — governos, empresas, sociedade civil e ciência — se aproximam para contribuir de maneira concreta.
Esse movimento de abertura é essencial.
Um exemplo vem do Pavilhão da Ciência Planetária, liderado por Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam, e pelo climatologista brasileiro Carlos Nobre, referência mundial nos estudos sobre a Amazônia.
O grupo entregou à presidência da conferência um documento com recomendações da ciência para orientar as negociações em curso. Trata-se de uma contribuição que transcende o simbolismo: é um chamado à ação baseada em evidências, que aponta caminhos concretos para alinhar decisões políticas à realidade planetária.
Essa ponte entre conhecimento científico e diplomacia climática pode se tornar mais regular — e isso é uma boa notícia.
O mesmo vale para o crescente engajamento do setor privado, que começa a ganhar contornos mais estruturados. A iniciativa SB Cop, nascida de uma articulação da CNI, surge com o propósito de sistematizar e dar continuidade às contribuições empresariais para o processo multilateral.
Se bem conduzida, pode se tornar um canal perene de colaboração e influência positiva.
Naturalmente, a ampliação de atores no processo decisório traz desafios.
É preciso aprimorar continuamente a governança, garantindo legitimidade, transparência e proteção contra iniciativas oportunistas que possam desvirtuar o espírito colaborativo.
Ainda assim, o saldo é positivo. Como lembram os cientistas do Pavilhão da Ciência Planetária, o cenário atual exige mais ambição, mais escala e mais convergência nas ações de impacto positivo.
A crise climática é complexa demais para caber em poucas vozes.
É na pluralidade — e na capacidade de transformar conhecimento em política — que reside a esperança de avançar.