Burnout é um problema crescente na saúde mental corporativa
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Publicado em 10 de outubro de 2025 às 15h00.
A saúde mental é um dos pilares para encontrar equilíbrio e felicidade na vida. Assim como a saúde física, emocional e espiritual, ela compõe o complexo universo que somos.
A saúde mental vem ganhando espaço nos últimos anos, mas ainda não é suficientemente valorizada. Muitas doenças físicas poderiam ser prevenidas, assim como relacionamentos abusivos e traumas emocionais, se o cuidado com a mente fosse prioridade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, quase 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com algum transtorno de saúde mental — e cerca de 75% delas não recebem apoio adequado.
No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que a depressão atinge cerca de 5,8% da população e a ansiedade 9,3%. Cuidar da mente não é luxo, nem sinal de fraqueza — e muito menos “coisa de maluco”. É um ato de coragem e de amor-próprio.
Hoje, profissionais recebem em média mais de 100 e-mails por dia, lidam com mensagens em múltiplos aplicativos e permanecem conectados mesmo fora do expediente.
O avanço dos afastamentos por questões de saúde mental, principalmente após a pandemia, colocou o tema no centro da agenda das empresas. Só em 2024, o INSS concedeu mais de 470 mil licenças médicas por transtornos mentais, o maior número dos últimos dez anos.
Desde o dia 26 de maio de 2025, as empresas brasileiras são obrigadas a implementar medidas específicas para promover a saúde mental de seus colaboradores. Essa exigência decorre da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1).
Ela foi sancionada em agosto de 2024 pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A norma estabelece que fatores como estresse, assédio e sobrecarga mental devem ser identificados e gerenciados pelos empregadores como parte das medidas de proteção à saúde dos trabalhadores.
Além disso, a Lei nº 14.831/2024 institui o "Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental", concedido pelo governo federal às empresas que adotarem práticas eficazes de promoção do bem-estar psicológico no trabalho.
Para obter esse certificado, as empresas devem desenvolver ações e políticas fundamentadas em diretrizes específicas, como promoção da saúde mental, combate à discriminação e assédio, e avaliação regular das práticas implementadas.
No cenário global, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 12 bilhões de dias úteis sejam perdidos anualmente por ansiedade e depressão, gerando uma perda de US$ 1 trilhão para a economia.
De acordo com a consultoria Robert Half, o uso de medicamentos psiquiátricos para lidar com estresse, ansiedade e burnout mais do que dobrou no Brasil no último ano.
Como nos lembra uma obra de sabedoria ancestral: 'Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita realidade.'
Não se trata de uma orientação religiosa, mas de um convite atemporal à transformação — e nunca isso foi tão urgente quanto no mundo corporativo.
Portanto, esse reencontro consigo mesmo é, acima de tudo, um reencontro com o amor-próprio.
É voltar a se olhar com carinho, recuperar a confiança na própria voz e se lembrar de quem se é antes das dores, rejeições e rótulos.
É aprender a colocar limites, escolher relações mais saudáveis e permitir que a vida volte a ser leve.
Carl Jung, fundador da psicologia analítica, comenta que: "quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta." Esse despertar é o convite que o Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado no próximo dia 10, nos faz: olhar para dentro, reconhecer nossas feridas e cultivar nossa autenticidade.
Nascemos cheios de vida, espontaneidade e personalidade. Mas, à medida que crescemos, o mundo começa a nos moldar — e muitas vezes a nos tolher. Encontrar o equilíbrio é entender o que é justo nessa troca com o mundo, e isso não é uma tarefa simples.
É um caminho de autoconhecimento: desconstruir padrões, curar feridas e se reconectar com a própria essência.
Neste Dia Mundial da Saúde Mental, o convite é olhar para si com mais compaixão, buscar apoio quando necessário e lembrar: cuidar da mente é também cuidar do corpo, dos vínculos e da vida como um todo.
*Priscilla Fay, Mentora de Vida & Psicóloga