Agência de notícias
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 17h04.
Última atualização em 19 de agosto de 2025 às 18h17.
As executivas nacionais do União Brasil e o PP decidiram nesta terça-feira aprovar a formação de uma federação entre os dois partidos. Mesmo ocupando quatro ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o evento contou com discursos de vários governadores de oposição, inclusive com citações diretas contra o petista já visando a eleição presidencial de 2026.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), citado como novo favorito para unir os partidos de centro e centro-direita como opção presidencial para o ano que vem, discursou no evento e adotou um tom nacionalizado. Ele evitou falar diretamente sobre o processo eleitoral ou sobre o governo, mas disse que a federação representa uma “transformação para o Brasil”.
– O que a gente pode celebrar hoje é essa junção de excelentes quadros, quadros que vão estar à disposição do Brasil para fazer a diferença. Eu, como estrangeiro, quero dizer parabéns e o Brasil contará muito com vocês, que venham muitas vitórias e que o processo de transformação do Brasil comece por aqui, com esse passo que está sendo dado, que a esperança seja revigorada e que vocês possam realmente fazer a diferença – declarou.
O governador também citou temas que o país precisa discutir e disse que o União-PP vão ajudar a construir o debate.
– Tenho certeza de que o Brasil aguardava muito esse passo, aguardava com ansiedade e com esperança, com esperança de que agora seremos capazes de contar com mais uma força para discutir a reforma política, envelhecimento da população, financiamento público de saúde, discutir o processo de pacificação, de desescalada da crise, discutir as nossas crises fiscais.
Por sua vez, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que também quer ser candidato a presidente, foi mais direto e disse que a “a solução é derrotar Lula na eleição de 2026”. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também criticou o governo e disse que a vitória do petista em 2022 foi apertada e que o presidente não faz uma diálogo com forças políticas amplas.
A reunião contou com a presença de outros integrantes da oposição, inclusive do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o governador de Santa Catarina, Jorginho (PL).
Ninguém do PT participou do evento, mas os ministros do Turismo, Celso Sabino, que é do União, e o dos Esportes, André Fufuca, que é do PP, marcaram presença.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que foi o primeiro a discursar, tentou dar um tom de que o grupo não está alinhado automaticamente nem ao governo nem à oposição.
– Não é um movimento de oposição ou situação, este movimento precisa ser um movimento de política com P maiúsculo com o olhar voltado para o futuro do Brasil, para as pessoas que desejam todos os dias respostas para as angústias que são históricas e endêmicas no nosso país.
À frente de quatro ministérios no governo Lula e, ao mesmo tempo, com parlamentares e dirigentes abertamente de oposição, União Brasil e PP formalizaram hoje a federação que formará as maiores bancadas do Congresso seguindo a mesma tônica que fomentou a aliança: críticas à gestão federal, mas sem abrir mão do espaço ocupado. A tendência é que o desembarque dos cargos aconteça após o Tribunal Superior Eleitoral autorizar a federação.
Com 109 deputados, a maior configuração da Câmara, e 14 senadores, o que a deixa no topo do Senado ao lado do PL, a federação procura ganhar tempo. Juntos, os partidos terão ainda um fundo partidário de R$ 954 milhões, além de sete governadores e 1.343 prefeitos, a maior quantidade entre as legendas.
O número de governadores foi ampliado nesta terça com a filiação de Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul, ao PP, que acabou de sair do PSDB. O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) também esteve presente. Gomes tem conversas adiantadas para se filiar ao PSDB, mas também recebeu um convite para o União Brasil. Perguntado se filiaria a um dos dois partidos, ele evitou responder e disse que “está consultando suas bases”
O passo na Justiça Eleitoral é o último antes de a federação passar a valer de fato. Enquanto os trâmites burocráticos seguem andando, o União permanece com o deputado licenciado Celso Sabino no Ministério do Turismo, e o PP, com o também deputado licenciado André Fufuca no Ministério do Esporte. Ao chegar no evento, o ministro dos Esportes disse que a decisão pessoal dele é de apoio ao presidente Lula e que ainda está cedo para a federação se posicionar sobre 2026.
Além dos dois, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, costurou acordos para a escolha de Frederico Siqueira no Ministério das Comunicações e de Waldez Góes no Ministério da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional. Sabino, Fufuca e Góes têm intenção de concorrer ao Senado no ano que vem, o que também interessa a Lula diante da estratégia declarada do bolsonarismo de tentar maioria na Casa.
Pelo lado do PP, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (AL) também negociou cargos com o governo e foi responsável por avalizar o presidente da Caixa, Carlos Vieira, além de encaminhar indicações de partidos do Centrão para as vice-presidências do banco.