Brasil

STF julga ações sobre prisão após segunda instância nesta quinta

A discussão sobre a prisão após segunda instância pode beneficiar o ex-presidente Lula, atualmente preso em Curitiba

STF: a prisão em 2ª instância já foi discutida pelo menos quatro vezes no plenário desde 2016 (Nelson Jr./SCO/STF/Divulgação)

STF: a prisão em 2ª instância já foi discutida pelo menos quatro vezes no plenário desde 2016 (Nelson Jr./SCO/STF/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 14 de outubro de 2019 às 13h01.

Última atualização em 14 de outubro de 2019 às 13h39.

Brasília — O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, confirmou que o plenário da Corte irá julgar o cumprimento de pena após condenação em segunda instância da Justiça na sessão da próxima quinta-feira (17).

Toffoli já havia dito a jornalistas que marcaria o julgamento as três Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC's) sobre o assunto com pouco tempo de antecedência, alegando questões de segurança, uma vez que o tema atrai grande atenção por ter o potencial de afetar a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba desde abril de 2018.

A questão gira em torno de saber até onde vigora a presunção de inocência prevista na Constituição: se é até a condenação em segunda instância ou se é até o chamado trânsito em julgado, quando não cabem mais recursos sequer nos tribunais superiores, que ficam em Brasília.

O assunto é polêmico dentro do próprio STF, onde já foi levado ao menos quatro vezes a plenário desde 2016 sem que houvesse um julgamento definitivo. Há mais de um ano o relator das ADC's, ministro Marco Aurélio Mello, pressiona para que as ações sejam incluídas em pauta.

Em dezembro de 2018, Marco Aurélio chegou a conceder uma liminar (decisão provisória) determinando a soltura de todos os condenados em segunda instância que se encontrassem presos, entre eles Lula e possivelmente outras 130 mil pessoas, segundo estimativas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Recentemente, o ministro Ricardo Lewandowski enviou para o plenário 80 processos, incluindo diversos habeas corpus, sobre o assunto, numa tentativa de também forçar o julgamento das ADC's.

Além de Lewandowski e Marco Aurélio, também o decano, ministro Celso de Mello, se posiciona claramente contra o cumprimento de pena após a segunda instância, por considerar que a presunção de inocência não pode ser relativizada, devendo-se aguardar assim todo o trânsito em julgado da sentença condenatória para que alguém possa ser considerado culpado.

Na corrente contrária, ministros como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, posicionam-se a favor da prisão após segunda instância.

Os magistrados consideram que a presunção de inocência perdura somente até a segunda condenação, uma vez que dali em diante, nos tribunais superiores, não se volta a examinar provas, mas somente se analisa eventuais nulidades processuais.

Os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Rosa Weber já se mostraram mais flexíveis, votando em diferentes direções ao longo dos anos. Às vezes, também sugerem vias intermediárias, em que seria preciso aguardar, por exemplo, o julgamento da condenação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), tida como terceira instância, para que um condenado pudesse começar a cumprir pena.

Acompanhe tudo sobre:PrisõesOperação Lava JatoLuiz Inácio Lula da SilvaSupremo Tribunal Federal (STF)José Antonio Dias Toffoli

Mais de Brasil

'As condições são inaceitáveis', diz Padilha ao desistir de viagem aos EUA após restrições de Trump

STF julga cálculo da aposentadoria por invalidez e pode redefinir impacto da reforma da Previdência

Reforma tributária: Senado deve votar última fase do projeto regulatório na próxima semana

Previsão do tempo: fim de semana em São Paulo deve ter calor intenso e chuvas isoladas