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STF forma maioria para tornar réu ex-assessor de Moraes no TSE

Eduardo Tagliaferro foi denunciado pela PGR por prejudicar as investigações sobre atos antidemocráticos

Publicado em 9 de novembro de 2025 às 18h26.

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria neste domingo para abrir uma ação penal contra Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostamente agir contra a legitimidade do processo eleitoral e tentar prejudicar as investigações sobre atos antidemocráticos.
Relator do caso, Moraes votou pelo recebimento da denúncia apresentada pela PGR e foi acompanhado pelos ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino. O julgamento ocorre no plenário virtual da Corte e segue até a próxima sexta-feira, dia 14.

A PGR acusa Tagliaferro dos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, violação de sigilo funcional, coação no curso do processo e obstrução de investigação envolvendo organização criminosa. Somadas, as penas podem chegar a 22 anos de prisão.

De acordo com a denúncia, entre maio de 2023 e agosto de 2024, Tagliaferro teria divulgado diálogos internos de servidores do STF e do TSE para atender a interesses de uma organização criminosa.

Segundo o voto de Moraes, a conduta do ex-assessor se “diferencia da mera violação de sigilo porque atinge diretamente a capacidade estatal de apurar crimes de organização criminosa, criando ambiente de desconfiança institucional e favorecendo os investigados".

O ministro acrescentou que “o embaraço às investigações materializou-se pela divulgação seletiva de informações sigilosas criando dúvida sobre a legitimidade das apurações, pela propagação de narrativas sem respaldo probatório alegando irregularidades, pela coordenação com outros investigados para deslegitimar as instituições e pela aquisição de novo aparelho telefônico às vésperas de oitiva policial com apresentação de equipamento diverso do efetivamente utilizado".

Ainda segundo a PGR, Tagliaferro “de maneira livre, consciente e voluntária, no período compreendido entre 15.05.2023 e 15.08.2024, violou sigilo funcional, ao revelar à imprensa e tornar públicos diálogos sobre assuntos sigilosos, que manteve com servidores do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral na condição de Assessor-Chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, para atender a interesses ilícitos de organização criminosa responsável por disseminar notícias fictícias contra a higidez do sistema eletrônico de votação e a atuação do STF e TSE, bem como pela tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito".

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