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Rio usará 'legado de energia' da Olimpíada para criar hub de data centers que terá supercomputador

Projeto quer tirar vantagem também da grande quantidade de cabos submarinos internacionais que saem da cidade

Projeção do projeto Rio AI City, que planeja instalar data centers perto do Parque Olímpico (Hyphen/Divulgação)

Projeção do projeto Rio AI City, que planeja instalar data centers perto do Parque Olímpico (Hyphen/Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 13 de julho de 2025 às 08h01.

Rio de Janeiro - A Olimpíada de 2016 deixou um legado curioso para a cidade do Rio: uma estrutura de energia elétrica mais robusta.

"Na Olimpíada, você tem 180 países, com suas três, quatro emissoras de TV, transmitindo 40 coisas ao mesmo tempo. Então, você precisa ter muita energia, e ela não pode nem piscar", diz  Sidney Levy, presidente da Invest.Rio, agência de promoção de investimentos da cidade.

"Se a energia piscar, uma piscadinha podia custar US$ 5 milhões para a NBC, porque era preciso resetar todas as máquinas. Então, ficamos com essa vantagem da energia adicional", afirma.

A ideia da prefeitura é usar essa rede robusta de energia para atender a outro negócio que não pode ver a rede falhar: os data centers, os enormes espaços para armazenar e processar dados, usados por empresas de tecnologia para executar desde serviços básicos, como acesso a emails, até gerar as elaboradas respostas de inteligência artificial.

Assim, a prefeitura do Rio está criando um parque tecnológico em um terreno de 300 mil metros quadrados perto do Parque Olímpico, atrás do hospital Sara Kubitschek, em parceria com empresas e o Ministério da Ciência e Tecnologia.

O projeto, chamado de Rio AI City, quer criar um hub de tecnologia e um ecossistema de inovação. "É a materialização de uma visão de cidade do futuro, onde infraestrutura digital, sustentabilidade e desenvolvimento urbano se conectam para acelerar a nova economia", disse Alessandro Lombardi, presidente e fundador da Elea Data Centers, que integra o projeto.

Projeção do projeto Rio AI City, que planeja instalar data centers perto do Parque Olímpico (Hyphen/Divulgação)

O local terá capacidade energética inicial de 1,5 GW, dedicada a servidores de IA e armazenamento em nuvem, com potencial de expansão para até 3,2 GW em fases futuras.

"Já temos uma empresa-âncora que virá, já temos capitais americanos nesse caso. E o governo brasileiro acaba de decidir trazer para lá um supercomputador."

"60% dos dados brasileiros hoje são processados nos Estados Unidos. E o Rio de Janeiro quer ser o local para receber esses dados", diz Levy. "São Paulo é uma capital onde falta luz", compara.

A expectativa é que o projeto tenha a primeira fase concluída nos próximos dois anos e possa gerar em torno de 10 mil empregos diretos e indiretos para a cidade.

Perto dos cabos

Além da energia, o Rio quer aproveitar outra vantagem: boa parte dos cabos submarinos de dados que ligam o Brasil a outros países, e são como uma coluna vertebral da internet, partem da cidade.

"Essa proximidade ajuda a baixar ainda mais a latência (velocidade de resposta dos servidores), algo fundamental para várias empresas", diz Levy.

"Há uma tese de que os dados do mundo inteiro vão ficar concentrados em 10 a 15 grandes centros de dados, que servirão como espécie de nós. Isso vai acontecer nos próximos dois anos e quem perder esse trem, perdeu", afirma.

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