Brasil

PL e aliados criticam condenação de Bolsonaro pelo STF e declaram apoio ao ex-presidente

Em nota após a decisão da 1ª Turma do STF, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, declarou que condenação de Bolsonaro representa uma das páginas 'mais sombrias da vida política'

Valdemar Costa Neto: presidente do Partido Liberal (PL) é um dos principais apoiadores de Bolsonaro (Evaristo Sá/Getty Images)

Valdemar Costa Neto: presidente do Partido Liberal (PL) é um dos principais apoiadores de Bolsonaro (Evaristo Sá/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 11 de setembro de 2025 às 20h46.

Última atualização em 11 de setembro de 2025 às 21h19.

Tudo sobreJair Bolsonaro
Saiba mais

O Partido Liberal (PL) criticou a decisão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal de condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pelo crime de tentativa de golpe de Estado.

Na nota, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, afirmou que a condenação representa um "dia triste para o Brasil" e que será uma das páginas "mais sombrias da vida política".

"Que dia triste para o Brasil. O Supremo Tribunal Federal condena o presidente Jair Bolsonaro, um homem honesto, que sempre trabalhou pelo bem do povo brasileiro e que liderou um governo sem corrupção", diz o texto.

E acrescentou:

"Esta condenação entra para uma das páginas mais sombrias da nossa vida política. Uma injustiça que não será capaz de apagar o legado de Bolsonaro: um governo íntegro, a defesa intransigente da liberdade e a coragem de colocar o Brasil acima de tudo. Nosso eterno presidente segue sendo o maior líder da direita brasileira e um dos maiores do mundo".

Apesar da decisão do Supremo, o presidente do PL enfatizou que vai continuar insistindo na aprovação da anistia a Bolsonaro e mencionou o ministro Luiz Fux.

"O Partido Liberal não descansará até aprovar a anistia. Nosso reconhecimento ao ministro Luiz Fux, que deu um voto lúcido, técnico e imparcial, uma verdadeira aula de Direito. O PL jamais desistirá da luta por liberdade e pela democracia. Capitão, estaremos sempre com você".

Reações de apoiadores de Bolsonaro

Após a decisão do Supremo, vários aliados políticos de Jair Bolsonaro repudiaram a condenação do ex-presidente. Em uma publicação no X, o senador Flávio Bolsonaro declarou:

"Hoje é o dia em que a supremacia venceu a democracia! Os perseguidos injustamente entram para a História, os perseguidores para a escória. Não vamos desistir do nosso Brasil!"

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também contestou a determinação da maioria dos ministros do STF e disse que Bolsonaro e os demais estão sendo vítimas de uma sentença injusta.

"Se não se pode transigir com a impunidade, também não se pode desprezar o princípio da presunção da inocência, condenando sem provas. O resultado do julgamento, infelizmente, já era conhecido. Bolsonaro e os demais estão sendo vítimas de uma sentença injusta e com penas desproporcionais. A história se encarregará de desmontar as narrativas e a justiça ainda prevalecerá. Força, presidente. Seguiremos ao seu lado!"

Na rede social, a senadora Damares Alves (Republicanos) classificou o julgamento no STF como "injustiça" e espera que a anistia seja aprovada pelo Congresso.

"Não vou descansar enquanto tamanha injustiça estiver sendo perpetada no Brasil. Não existe golpe sem deposição de governo. Essa narrativa não vai funcionar. O mundo vai saber a verdade sobre o que está acontecendo no Brasil, com a conivência de alguns órgãos de imprensa. A anistia vai passar. Mantenham a esperança", escreveu Damares.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) também defendeu o posicionamento do ministro Fux, que votou contra a condenação de Jair Bolsonaro, e criticou os demais ministros do STF.

"27 anos de prisão. Formou-se a “maioria” no STF para condenar Bolsonaro. Nem mesmo homicidas, corruptos e traficantes costumam ter penas semelhantes. Infelizmente, nada surpreendente. Entre os julgadores que deveriam ser imparciais estão: advogado, amigo e indicado por Lula para estar ali. Entre a encenação e a Constituição, infelizmente prevaleceu a encenação. Registro meu respeito ao lúcido voto do Min. Fux — que demonstrou o óbvio: o STF é incompetente para julgar o caso, além da insuficiência de provas para a condenação. Divergência rara num tribunal cada vez mais parecido com um diretório partidário".

O que acontece agora após condenação e definição das penas? Defesas podem recorrer?

Segundo juristas ouvidos pela EXAME, a partir de agora, as defesas podem utilizar procedimentos previstos no Código de Processo Penal para tentar reverter a decisão até que processo transite em julgado.

As defesas podem pedir embargos de declaração e embargos infringentes (recursos), além de pedir a revisão criminal.

Nos embargos de declaração, as defesas podem solicitar esclarecimentos sobre pontos contraditórios no julgamento dos condenados.

Esse recurso não tem o objetivo de modificar o julgamento. Os réus que foram condenados não serão absolvidos com a análise desse instrumento. Mas, com a solicitação, o trânsito em julgado será postergado até a análise de todos os questionamentos.

Já os embargos infringentes são utilizados quando há um voto divergente no julgamento.

Na ação relacionada à trama do golpe de Estado, apenas o ministro Luiz Fux votou de maneira diferente do relator, o ministro Alexandre de Moraes.

Para que as defesas pudessem solicitar um novo julgamento pelo Plenário, por exemplo, o voto divergente de Fux precisaria ser acompanhado, o que não aconteceu ao final do julgamento.

O Código Penal ainda prevê o pedido de revisão criminal, utilizado quando a defesa considera que houve erro do Tribunal, especialmente em casos de provas novas ou de clara e manifesta injustiça contra os condenados.

Todos os pedidos serão julgados pelo Tribunal.

Após o trânsito em julgado, momento em que se esgotam todas as possibilidades de recurso, inicia-se a execução das penas, quando serão expedidos os mandados de prisão aos condenados.

Acompanhe tudo sobre:Jair BolsonaroPL — Partido LiberalSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Governo Lula reage à ameaça de secretário de Trump após condenação de Bolsonaro: 'Não intimidarão'

Ramagem é condenado a 16 anos e um mês de prisão e perda de mandato de deputado

Paulo Sérgio Nogueira é condenado a 19 anos de prisão pela 1ª Turma do STF

Augusto Heleno é condenado a 21 anos de prisão pela 1ª Turma do STF