Repórter
Publicado em 10 de novembro de 2025 às 20h15.
A Polícia Federal (PF) manifestou preocupação com as alterações feitas pelo relatório sobre o Projeto de Lei Antifacção, atualmente em debate no Congresso Nacional. Segundo a PF, essas mudanças podem causar restrições "significativas ao papel histórico" da instituição.
A medida está sob relatoria de Guilherme Derrite, secretario de Segurança de São Paulo, licenciado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), para voltar às funções na Câmara dos Deputados. O deputado foi confirmado como relator pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), na última semana.
A proposta original, encaminhada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pretende endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Mas, segundo a PF, o texto em discussão apresenta modificações estruturais que podem afetar o propósito do PL Antifacção.
"Pelo relatório apresentado, o papel institucional histórico da Polícia Federal no combate ao crime — especialmente contra criminosos poderosos e organizações de grande alcance — poderá sofrer restrições significativas", diz o comunicado da Polícia Federal.
A PF argumenta que as modificações propostas pelo relator comprometem a eficácia das operações realizadas por seus agentes e beneficiaria a ação de criminosos.
"A execução de operações pela Polícia Federal dependeria de solicitação do governo estadual da região investigada, o que constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado", explica.
E reforça: "Essa alteração, somada à supressão de competências da Polícia Federal, compromete o alcance e os resultados das investigações, representando um verdadeiro retrocesso no enfrentamento aos crimes praticados por organizações criminosas, como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos, tráfico de pessoas, entre outros".
No comunicado, a PF também destacou a realização da maior operação contra o crime organizado da história do país, em agosto. E que as alterações propostas por Derrite comprometem futuras ações.
"Pelas regras propostas no relatório em discussão, operações como essa estariam sob ameaça de não ocorrerem ou de terem seus efeitos severamente limitados".
Apesar das críticas, a instituição enfatizou que defenderá suas atribuições constitucionais e a preservação da sua autonomia.