A percepção dos entrevistados sobre Jair Bolsonaro após o episódio reflete a divisão social (Pedro H. Tesch/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 18 de julho de 2025 às 18h36.
A operação da Polícia Federal na residência de Jair Bolsonaro nesta sexta-feira mobilizou apenas 45,9% dos brasileiros, que afirmaram ter visto ou lido sobre o episódio. Os dados são da pesquisa nacional do Instituto Ideia, realizada no mesmo dia, com 1.531 entrevistados em 568 municípios.
Classe AB, formada pelos segmentos de maior renda e escolaridade, aparece como a mais informada: 64,9% disseram ter acompanhado a notícia. Em contrapartida, entre as classes DE, essa taxa cai para 35%. Entre pessoas com mais de 45 anos, o percentual também é superior à média nacional, atingindo 51,4%.
A pesquisa mostra um cenário de opiniões fragmentadas sobre a ação da PF. Enquanto 25,8% dos entrevistados consideram a operação correta e 16,5% gostariam de mais rigor, quase 29% classificam a ação como exagerada ou absurda. A indecisão é expressiva: 28,6% preferem não opinar ou dizem não saber.
Entre as mulheres, 55,5% não tomaram conhecimento da ação, e 31,1% optaram por não responder sobre o tema. Os homens são mais propensos a expressar críticas: 19% consideraram a operação um exagero ou um absurdo.
“A pesquisa apresenta um impacto marginalmente negativo para o ex-presidente Jair Bolsonaro", diz Mauricio Moura, fundador do instituto de pesquisa Ideia. "O mais relevante, porém, é a percepção de que o evento de hoje vai prejudicar a negociação comercial com os EUA”
A percepção dos entrevistados sobre Jair Bolsonaro após o episódio reflete a divisão social. Para 36,3%, a avaliação se mantém neutra, e 21,7% mantêm opinião negativa. Apenas 9,9% afirmaram ter melhorado a percepção sobre o ex-presidente após a ação, enquanto 13,8% passaram a vê-lo de forma mais crítica.
Quando questionados se a operação da PF impacta as negociações com os Estados Unidos, 26,7% acreditam que prejudica o Brasil, enquanto 27,5% não sabem responder. Entre as classes AB, a percepção negativa é ainda maior, atingindo 34,9%.
Por fim, o levantamento detalha que a TV aberta foi o principal meio de informação (26,8%), especialmente entre os mais velhos e de classes sociais mais baixas. Já sites de notícias são mais utilizados por jovens e classes AB e C, mostrando uma fragmentação nos canais de consumo de notícias.