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'No século XXI, turismo faz mais sentido que o petróleo', diz presidente da Embratur

Marcelo Freixo diz que governo apostou em inteligência de dados para planejar ações mais eficientes

Praia de Icaraí de Amontada, no Ceará: vila tranquila de pescadores, com comércio local e ótimas opções de gastronomia e hospedagem (Elzauer/Getty Images)

Praia de Icaraí de Amontada, no Ceará: vila tranquila de pescadores, com comércio local e ótimas opções de gastronomia e hospedagem (Elzauer/Getty Images)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 3 de outubro de 2025 às 10h00.

Última atualização em 3 de outubro de 2025 às 10h10.

O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, abordou em entrevista à Agência EFE, em Buenos Aires, a estratégia que levou o Brasil a registrar um crescimento recorde no turismo a partir de 2023 e garantiu que, "no século XXI, o turismo faz mais sentido que o petróleo".

A estratégia da Embratur foi “montar uma equipe técnica especializada em turismo com grande capacidade de gestão e planejamento”, afirmou Freixo, que esteve na capital argentina para participar da Feira Internacional de Turismo (FIT) América Latina, encerrada na terça-feira.

O Brasil foi o protagonista absoluto da edição deste ano do evento, com 26 estandes que exibiram a pluralidade nacional, com especial ênfase no Nordeste, onde há destinos menos conhecidos para os argentinos, que costumam visitar em maior número as regiões Sul e Sudeste.

Todas as políticas aplicadas, segundo Freixo, se apoiam em inteligência de dados.

“Sabemos quais mercados têm interesse pelo Brasil, qual é a média de gastos, quais são as temporadas de maior fluxo, e isso nos permite planejar ações de promoção muito mais eficientes”, declarou.

Essa abordagem, de acordo com ele, permitiu que em 2023 o turismo internacional gerasse US$ 6,9 bilhões, cifra que superou a da Copa do Mundo de 2014. Em 2024, o turismo no Brasil alcançou um novo recorde, com US$ 7,3 bilhões e 6,7 milhões de visitantes estrangeiros.

“É muito significativo, porque significa emprego, renda, crescimento e um grande movimento econômico para todo o país”, frisou.

O turismo representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, um número significativo se considerarmos que petróleo e gás somam 12%.

"Acredito que, no século XXI, o turismo faz mais sentido que o petróleo, especialmente se pensarmos em termos de sustentabilidade e responsabilidade climática", afirmou Freixo.

Marcelo Freixo, presidente da Embratur, durante a Feira Internacional de Turismo de Buenos Aires (Matías Martin Campaya/EFE)

Recordes no turismo

Nos primeiros sete meses de 2025, houve aumento de 46% no turismo em relação ao mesmo período do ano anterior, com um crescimento de 94% somente de visitantes argentinos.

“Para se ter uma ideia, em 2024 tivemos 1,9 milhão de argentinos no Brasil, e em agosto deste ano já registrávamos 2,6 milhões”, explicou Freixo.

Questionado sobre se a estratégia brasileira pode ser repetida em outros países, o presidente da Embratur disse que, embora cada país tenha “suas particularidades e momentos políticos, o caminho do planejamento e da inteligência de dados é bom para todos”.

Na recém-concluída edição da FIT, o Brasil buscou se diferenciar de seu principal concorrente, o Caribe, ao apelar para a diversidade cultural e natural.

“Não somente temos praias, mas seis biomas distintos, com culturas e gastronomias muito diferentes. Cada região expressa uma identidade”, afirmou Freixo.

A proposta que o Brasil levou este ano à FIT enfatizou o desenvolvimento do turismo na Amazônia e a promoção da cultura dos quilombos.

Para Freixo, trata-se de “um turismo de base comunitária, reparatório, com forte compromisso com a história e as populações tradicionais, acompanhado de certa justiça social”.

Ele também lembrou que, embora existam no país hotéis de luxo e propostas exclusivas, “também há experiências comunitárias e organizadas” que oferecem alternativas.

O turismo, conforme enfatizou o presidente da Embratur, cumpre uma função-chave na economia local: “As pessoas precisam de uma atividade econômica legal para combater as atividades ilegais, e o turismo é uma possibilidade muito importante para essas populações.

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