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Não há necessidade de aumentar o preço dos combustíveis, diz Lula

Ex-presidente afirmou que não existe razão para que o preço do combustível brasileiro seja internacionalizado, porque o país é autossuficiente em petróleo

Lula Financial Times eleições 2022 (Amanda Perobelli/Reuters)

Lula Financial Times eleições 2022 (Amanda Perobelli/Reuters)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 8 de outubro de 2021 às 14h12.

Última atualização em 8 de outubro de 2021 às 14h17.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 8, que não há justificativa para o alto preço dos combustíveis e que o risco de desabastecimento em 2022 deveria ser contornado desde já pelo presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista coletiva, em Brasília, ele reforçou a defesa de um Estado forte e disse que se preocupa com a fome e com a inflação no país. 

Durante a coletiva, a Petrobras anunciou reajuste de 7,2% nos preços da gasolina e do diesel, o que o ex-presidente considera injustificável. “Sem nenhuma necessidade”, disse, sobre o aumento. Lula afirmou que “não existe nenhuma razão para que o preço do combustível brasileiro, do óleo e do gás seja internacionalizado", porque o país é autossuficiente em petróleo. 

“Tínhamos refinarias de muita qualidade, tínhamos construído gasodutos necessários nesse país, tínhamos melhorado a qualidade do óleo diesel e gasolina”, disse o ex-presidente. Tudo isso, segundo ele, foi desmontado. “A Petrobras está mostrando que ela pode mais que o presidente da República. O Brasil está precisando de um novo presidente para poder fazer justiça com o preço dos combustíveis”, disse.

“Foi dito que era preciso colocar o combustível com preço do mercado internacional, porque na verdade é preciso atender os interesses dos acionistas de Nova York em detrimento dos consumidores e trabalhadores brasileiros”, criticou Lula. “Não vejo sentido em querer agradar acionista minoritário americano e não querer agradar o consumidor majoritário brasileiro”, continuou.

Lula também falou sobre a possibilidade de desabastecimento em 2022, anunciada por Bolsonaro na quinta-feira, 7. Para o petista, o presidente deveria se preocupar em fazer um programa para aumentar a produção agrícola.

“Ele [Bolsonaro] deve saber que produto agrícola você pode plantar em menos de um ano. Ao invés de falar que vai ter desabastecimento, devia estar apresentando, junto com a Embrapa, um programa de aumento da produção agrícola do país. E joga a culpa em cima do fertilizante”, disse Lula.

Estado forte

“É importante que cada jornalista, eleitor, adversário saiba: eu quero um Estado forte, porque somente um Estado forte é capaz de acabar com a miséria desse país”, declarou o ex-presidente. Segundo ele, um Estado forte “não tem medo” de fazer políticas públicas como casa popular subsidiada e melhorar o Sistema Único de Saúde (SUS).

“Não quero Estado empresarial, quero Estado com força para que ele seja indutor do desenvolvimento, que não tenha preocupação de fazer dívida para investir em ativo produtivo nesse país”, defendeu Lula. Para ele, o Estado não deve discutir se vai financiar educação porque é gasto. “Tem de financiar, tem de cuidar das pessoas sem se preocupar com o gasto de cuidar das pessoas”. 

A solução do país, na visão de Lula, está em “colocar o pobre no Orçamento da União, dos estados e das cidades, e o rico no imposto de renda, para ele aprender a pagar impostos sobre lucros e dividendos”. O ex-presidente também disse ter preocupação com a economia brasileira, com a inflação, "porque ela prejudica o povo mais pobre", com o desemprego e com a fome. 

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