Brasil

Moraes suspende decisão do TCE-SP que pode gerar despesa de R$ 630 milhões

Moraes atendeu a um pedido feito pelo governo Tarcísio de Freitas, que alegou “graves consequências de natureza financeira e orçamentária

Moraes (STF/Flickr)

Moraes (STF/Flickr)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 28 de julho de 2023 às 11h36.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu nesta quinta-feira, 27, os efeitos de decisão do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) que altera o cálculo para pagamento de benefícios por tempo de serviço de servidores estaduais.

Segundo a Secretaria da Fazenda do Estado, a determinação da corte de contas pode gerar despesa adicional de R$ 630 milhões aos cofres paulistas.

Moraes atendeu pedido feito pelo governo Tarcísio de Freitas, que alegou, em reclamação enviada ao STF, que a decisão do TCE pode gerar “graves consequências de natureza financeira e orçamentária”.

Análise do STF

Ao analisar consulta feita pelos municípios paulistas de Sales e Irapuã, o plenário do TCE entendeu que o período entre 28 de maio de 2020 e 31 de dezembro de 2021, durante a pandemia da covid-19, pode ser contabilizado para calcular o pagamento de benefícios por tempo de serviço a servidores, como quinquênio, licença-prêmio e sexta-parte.

A Lei Complementar (LC) 173/2020, que estabeleceu regras de enfrentamento à emergência sanitária, definiu, entretanto, que esse prazo não deveria ser usado na contagem de tempo para concessão dos adicionais e determinou que o cômputo voltasse a ser feito apenas em 1º de janeiro de 2022. A única exceção fixada pela lei se deu para servidores da área da segurança e da saúde.

O governo Tarcísio avalia que, apesar de responder a uma consulta de municípios, o entendimento firmado pelo TCE provoca efeito cascata na administração estadual e pode levar ao recálculo dos benefícios de 81 mil servidores.

O Estadão/Broadcast apurou que, no dia seguinte ao julgamento sobre o tema, ocorrido em 12 de julho, o vice-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Guilherme Strenger, encaminhou ofício ao presidente da Corte pedindo que a decisão do TCE fosse cumprida para magistrados e servidores do tribunal.

O sindicato que representa funcionários da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e da corte de contas fez solicitação semelhante à Mesa Diretora da Alesp.

Para o governo estadual, a decisão do TCE contraria a legislação e o próprio entendimento do STF. Em abril de 2021, o plenário da Corte votou pela constitucionalidade da lei e de seu artigo 8º, que prevê o congelamento da contagem do tempo de serviço para concessão dos benefícios.

“O TCE-SP ampliou indevidamente a possibilidade de cômputo do tempo de serviço previsto pelo art. 8º da Lei Complementar federal nº 173/2020 aos servidores estaduais e municipais, para todos os fins administrativos, inclusive financeiros”, diz trecho de petição da Procuradoria-Geral do Estado, obtida pela reportagem.

O governo paulista argumentou que a LC 173 é “clara quanto à proibição de cômputo do período para fins remuneratórios” e pode gerar “graves efeitos” para os cofres do Estado.

“(O entendimento do TCE) Produz graves consequências de natureza financeira e orçamentária, com potencial multiplicador de ensejar milhares de pedidos de recálculo de benefícios remuneratórios a serem percebidos por servidores a partir do momento em que cessada a “suspensão”, na linha da interpretação definida pelo TCE/SP”, destacou a PGE.

O Estadão/Broadcast buscou o governo de São Paulo para se pronunciar sobre a decisão do TCE, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo em primeira mão. Inscreva-se no Telegram da Exame

Acompanhe tudo sobre:Alexandre de MoraesTarcísio Gomes de Freitas

Mais de Brasil

Ministério da Justiça regulamenta uso de IA em investigações criminais

Brasil cria 148,9 mil vagas de emprego com carteira assinada em maio, 6,76% mais que em 2024

Corpo de Juliana Marins será transportado para Dubai nesta terça e no dia seguinte para o Rio

Barroso define Moraes como relator de ação contra derrubada do IOF