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Moraes diz que 'impunidade e omissão não são opção para pacificação' ao iniciar julgamento

Ministro citou indiretamente as sanções do governo americano contra a Corte e disse que "a soberania nacional não deve negociada ou extorquida"

Moraes: ministro afirma que STF será absolutamente inflexível na defesa da soberania nacional (Antonio Augusto/STF/Flickr)

Moraes: ministro afirma que STF será absolutamente inflexível na defesa da soberania nacional (Antonio Augusto/STF/Flickr)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 2 de setembro de 2025 às 09h59.

Última atualização em 2 de setembro de 2025 às 10h06.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou no início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022 que a "impunidade, omissão e covardia não são opções para a pacificação" do país. 

"A história nos ensina que a impunidade, omissão e covardia não são opções para a pacificação. Balizas definidas pela Constituição federal para o nosso Estado Democrático de Direito se mostraram acertadas e impediram inúmeros retrocessos", afirmou o relator da ação.

A declaração de Moraes ocorreu logo após a abertura da audiência pelo ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). 

O relator disse ainda que o grupo acusado de golpe de estado agiu de forma "covarde" e "traiçoeira" para tentar obstruir o julgamento.

"O Supremo Tribunal Federal sempre será absolutamente inflexível na defesa da soberania nacional e seu compromisso com a democracia, o Estado de Direito e os princípios constitucionais brasileiros", afirmou.

O magistrado citou indiretamente as sanções impostas pelo presidente americano Donald Trump contra o Tribunal e a economia brasileira.

"A soberania nacional não deve negociada ou extorquida", afirmou.

A Corte julga a partir desta terça-feira, 2, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Foram reservadas oito sessões para a análise do mérito do caso. Os ministros vão decidir se condenam ou absolvem os réus.

Após o discurso inicial, Moraes lê o relatório com o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, última fase antes do julgamento.

Na sequência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, será responsável pela argumentação da acusação. Após a sustentação da PGR, os advogados dos réus serão convidados a subir à tribuna para as sustentações orais em favor dos réus. Eles terão prazo de até uma hora para suas considerações.

Quem são os ministros que vão julgar o Bolsonaro e qual a ordem de votação?

O primeiro a votar será Alexandre de Moraes, relator da ação penal. Em sua manifestação, o ministro vai analisar questões preliminares suscitadas pelas defesas de Bolsonaro e dos demais acusados, como pedidos de nulidade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e um dos réus, alegações de cerceamento de defesa, pedidos para retirar o caso do STF, além das solicitações de absolvição.

Moraes poderá solicitar que a turma delibere imediatamente sobre a questões preliminares ou deixar a análise desses quesitos para votação conjunta com o mérito.

Após a abordagem das questões preliminares, Moraes se pronunciará sobre o mérito do processo, ou seja, se condena ou absolve os acusados e qual o tempo de cumprimento de pena.

  • Alexandre de Moraes, relator
  • Flávio Dino
  • Luiz Fux
  • Cármen Lúcia
  • Cristiano Zanin

Acompanhe o julgamento de Bolsonaro ao vivo

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