Brazil's President Luiz Inacio Lula da Silva gestures during the signing of the new export incentive law at the Planalto Palace in Brasilia on July 28, 2025. (Photo by EVARISTO SA / AFP) (EVARISTO SA/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 20h47.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a revogação de vistos americanos a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em discurso nesta quarta-feira no Palácio do Planalto. Lula afirmou também que o Brasil, "em muitas coisas" é mais democrático que os Estados Unidos e voltou a criticar o tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump a exportações brasileiras.
— Sabe o que eles estão fazendo agora? Cassando o visto dos ministros da Suprema Corte. Os ministros não podem mais entrar nos Estados Unidos. Isso não é forma de comportamento do presidente da república da maior economia do mundo. Não é civilidade. É um mau exemplo — disse Lula.
Em discurso durante a 4ª Conferência Nacional de Economia Solidária (Conaes), no Palácio do Planalto, Lula voltou a responder ao relatório “2024 Country Reports on Human Rights Practices: Brazil”, que afirma que a condição dos direitos humanos no Brasil "se deteriorou" e cita o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ao acusar o país de promover censura contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu na ação penal da trama golpista.
— Ontem, eles (governo americano) apresentaram um relatório dizendo que nós não respeitamos os direitos humanos no Brasil porque estamos perseguindo um ex-presidente da República e que o ministro da Suprema corte que está julgando ele é um ditador. Não é possível que ele (Donald Trump) não conheça a nossa Constituição. Não é possível que ele não conheça que este país aqui em muitas coisas é muito mais democrático que os Estados Unidos da América do Norte. Essas coisas me deixam pasmo — afirmou Lula em sua fala.
A avaliação da democracia brasileira com a dos Estados Unidos faz referência à opinião de notáveis cientistas políticos como Steven Levitsky, professor de Harvard e que visitou Lula na manhã desta quarta-feira. Levitsky, que é coautor de "Como as Democracias Morrem", deu declarações recentes de que o regime brasileiro hoje é mais democrático que o americano.
O presidente do Brasil voltou a dizer que o tarifaço é inaceitável e que o governo brasileiro quer negociar, mas apenas as condições comerciais, sem abrir mão da soberania. Lula reafirmou sua interpretação de que o protecionismo de Trump é uma ação contra o multilateralismo e adiantou que vai conversar com líderes de outros países para coordenar uma possível resposta às elevações de tarifas pelos EUA.
— Nesta semana, falei com o presidente da China (Xi Jinping), primeiro-ministro da Índia (Narendra Modi), com o presidente (Vladimir) Putin (da Rússia). Vou continuar falando com África do Sul, Alemanha, México, para que a gente tome uma decisão sobre o que está acontecendo. Não é justo, honesto — ressaltou.
Lula também voltou a pedir respeito ao Brasil e lembrou que Bolsonaro e seus apoiadores são réus por uma tentativa de golpe de estado.