Agência de notícias
Publicado em 7 de outubro de 2025 às 10h27.
O ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente do PT, José Dirceu, saiu em defesa da prisão domiciliar para Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Segundo Dirceu, assim como o ex-presidente Fernando Collor — em prisão domiciliar devido à idade e por questões de saúde —, Bolsonaro também "não tem condições" de cumprir pena no sistema penitenciário.
O petista ainda destacou que o ex-mandatário é "muito instável" e "não é uma pessoa que tem autocontrole" para aguentar a rotina de um presídio.
"Acho muito improvável que se possa colocar presos vulneráveis no sistema penitenciário que é controlado pelo crime organizado. As condições são péssimas", afirmou Dirceu, em entrevista concedida à BBC News Brasil, publicada nesta segunda-feira. "Ele não tem condições de ir para a prisão. Isso não aconteceria nunca, você não pode colocar um ex-presidente da República no sistema penitenciário".
Preso no âmbito da operação Lava-Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Dirceu teve a condenação anulada pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, em outubro do ano passado. À BBC, o político lembrou do tempo na cadeia ao descrever como percebe a personalidade de Bolsonaro.
"Eu nunca tive relação com Bolsonaro, mas me parece que ele é uma pessoa psicossomática, que vai acelerando, muito instável. Não é uma pessoa que tem autocontrole. Todo mundo sofre na prisão, todo mundo tem depressão, chora, chama a mamãe, reza", ressaltou Dirceu. "Eu não desejo mal a ninguém, nem a ele".
Sobre a pauta da anistia e a dosimetria das penas dos condenados pelo 8 de janeiro, o político destacou, contudo, que "nos últimos dez anos, aumentaram as penas para tudo no Brasil", e que a "direita brasileira sempre aplaudiu isso".
"Mas agora ela quer diminuir para aqueles que destruíram o Parlamento brasileiro, a sede do Poder Judiciário e o Palácio do Planalto. Como se isso fosse pouco", completou Dirceu.