Brasil

Jornais e revistas condenam críticas de Lula à imprensa na campanha eleitoral

Veículos do país condenaram críticas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez sobre o trabalho da imprensa nas eleições do próximo domingo

Veja: publicação condenou a "deformação" do ponto de vista do Governo (.)

Veja: publicação condenou a "deformação" do ponto de vista do Governo (.)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2010 às 16h03.

Brasília - Os principais jornais e revistas do país condenaram hoje as críticas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez sobre o trabalho da imprensa nas eleições presidenciais do próximo domingo.

"Lula e a candidata oficial têm-se limitado até aqui a vituperar a imprensa, exercendo seu próprio direito à livre expressão, embora em termos incompatíveis com a serenidade requerida no exercício do cargo que pretendem intercambiar", destacou a "Folha de S.Paulo" em um editorial intitulado "Todo poder tem limite".

O editorial remete a uma declaração de Lula, quem em um comício da candidata petista à Presidência, Dilma Roussef, afirmou que alguns meios de comunicação "são uma vergonha", pois, segundo ele, "se comportam como um partido político", mas não têm coragem para dizê-lo.

O presidente contestava informações que, nas últimas semanas, revelaram escândalos de corrupção no Ministério da Casa Civil, que até março passado era liderado pela candidata petista. Os escândalos custaram o cargo da sucessora de Dilma, Erenice Guerra, que acabou renunciando, pressionada pelas denúncias.

O editorial da "Folha" ressalta que "os altos índices de aprovação popular do presidente Lula não são fortuitos", assim como as pesquisas que apontam o claro favoritismo de Dilma para as eleições de 3 de outubro, graças ao carisma do governante.

O jornal reconhece que isso resulta da gestão do atual Governo, que manteve "uma política econômica sensata" e "ampliou uma antes incipiente política de transferências de renda aos estratos sociais mais carentes", reduzindo a desigualdade social.

No entanto, o editorial sustenta que "nem por isso seu governo pode julgar-se acima de críticas".

Na mesma linha se manifestou a "Carta ao Leitor" da edição desta semana da revista "Veja", um dos meios mais críticos a Lula.

A publicação condena a "deformação" do ponto de vista do Governo, que atribui a "convicções de alguns que continuam ruminando a ideia totalitária do leninismo, segundo a qual Governo e povo se confundem e, portanto, a imprensa não tem o direito de criticar as autoridades".

Segundo a "Carta ao Leitor", por denunciar os casos de corrupção na Casa Civil, a "Veja" e os grandes jornais do país foram tachados de "golpistas", porque a notícia poderia ter o "potencial para tirar votos da candidata oficial".

Opinião parecida foi manifestada pelo jornalista Merval Pereira, colunista do jornal "O Globo", quem na semana passada lançou o livro "O Lulismo no Poder", no qual analisa o que percebe como traços de autoritarismo do Governo do PT.

Em sua coluna de hoje, Merval afirma que o recente caso de corrupção na Casa Civil "leva a crer que, ou presidente não sabe escolher seus assessores - o que coloca uma dúvida sobre a escolha de Dilma como sua candidata -, ou não consegue controlar sua equipe".

"Lula é o sujeito mais enganado do mundo. Ou o que mais engana. Ou se acha capaz de enganar todo o mundo", critica Merval Pereira.

O jornal "O Estado de S.Paulo" também dedicou opinião sobre o assunto, em seu editorial "O mal a evitar", no qual declara apoio aberto ao candidato opositor José Serra, do PSDB.

Para o periódico, Lula "tem o mal hábito de perder a compostura quando é contrariado" e "também todo o direito de não estar gostando da cobertura" que "quase todos os órgãos de imprensa" tem dado à "escandalosa deterioração moral do Governo que preside".

"Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o 'Estado' apoia a candidatura de José Serra", por seus "méritos", "seu currículo exemplar" e "pelo que ele pode representar para a recondução do país ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos", indicou.

Na grande imprensa brasileira, o único veículo que apresentou hoje uma posição diferente foi a revista "IstoÉ", também em editorial.

Em aparente alusão à imprensa, a revista diz que "diversos agentes envolvidos no processo eleitoral não deram ouvido e espaço à voz das ruas e a atacam de maneira visceral e virulenta pela opção seguida. Como se ela estivesse errando pela simples razão de escolher".

Leia mais notícias sobre o Governo e as Eleições 2010

Siga as notícias de economia do site EXAME no Twitter

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Brasil

Hugo Motta pauta projeto que endurece punição contra aliciamento de menores online

Reforma administrativa prevê fim das férias de 60 dias para servidores públicos

Brasil contesta investigação dos EUA e reforça defesa do Pix, agro e combate ao desmatamento

Adultização: o que diz o PL sobre proteção de crianças nas redes e quais são as principais mudanças