Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 31 de outubro de 2025 às 12h16.
As obras do Trem Intercidades entre São Paulo e Campinas começarão em maio do próximo ano, segundo Pedro Moro, CEO da TIC Trens, concessionária responsável pela construção e operação do primeiro ramal entre cidades do estado de São Paulo, além da gestão da Linha 7-Rubi.
"Vamos protocolar o pedido de licença ambiental para esse trecho em breve", afirma Moro, o 21º entrevistado do EXAME Infra, podcast realizado pela EXAME em parceria com a empresa Suporte.
A construção será iniciada pelo trecho entre Jundiaí e Campinas, considerado greenfield — ou seja, uma obra feita do zero.
O maior desafio da construção está no trecho entre Jundiaí e São Paulo, cuja execução está prevista para começar em abril de 2027. Essa parte da linha impactará diretamente a Linha 7-Rubi, exigindo intervenções em estações já existentes.
"Começamos com algumas intervenções em estações que já conseguimos executar sem impacto do TIC. Para a passagem do TIC e das cargas, será preciso mudar ou ampliar os acessos da estação para outros lados", afirma.
Moro detalha ainda que o projeto tem longa data. Versões anteriores, discutidas por gestões passadas do governo de São Paulo, chegaram a prever que o traçado passaria próximo a rodovias estaduais.
"É um projeto que vem sendo rediscutido desde os anos 1990. Tinha uma proposta superinteressante que era fazer no leito da rodovia dos Bandeirantes", diz.
Com início de operação previsto para 2031, Moro acredita que o serviço terá alta demanda, principalmente pela previsibilidade de horários. O preço médio da passagem deve variar entre R$ 50 e R$ 64.
"Acreditamos que essa tarifa é extremamente competitiva em relação aos ônibus regulares, fretados e o transporte individual. O grande ponto do uso do TIC é o ganho de tempo. O passageiro terá previsibilidade do horário de saída e chegada. Isso é um fator muito importante", afirma.
Segundo o CEO da TIC Trens, hoje uma pessoa que sai de Campinas rumo ao centro de São Paulo de carro gasta pelo menos duas horas no horário de pico. A viagem de trem entre as duas cidades levará cerca de uma hora, com estação final na Água Branca, que contará com integração ao metrô.
"Fazer esse trajeto em uma hora, que é o tempo estimado e definido no edital, sabendo que pode comprar a passagem com antecedência e viajar com conforto", diz.
A expectativa é que até 45 mil passageiros utilizem o serviço por dia. Moro afirma que todo o sistema foi projetado para atender os horários de maior demanda, mas destaca que o conceito de um trem com horário marcado é diferente da rotina atual de transporte coletivo.
"Ao passo que 80% dos passageiros de metrô, trem e ônibus têm como destino o trabalho, no trem entre São Paulo e Campinas imaginamos que haverá, sim, um percentual muito alto voltado ao trabalho, mas também outros N fatores — de shows a compromissos médicos", afirma.