Hytalo Santos: influenciador foi preso em São Paulo em 15 de agosto de 2025. (Reprodução/ Youtube )
Freelancer
Publicado em 15 de agosto de 2025 às 10h11.
Última atualização em 15 de agosto de 2025 às 10h39.
Hytalo Santos, influenciador digital, foi preso na manhã desta sexta-feira, 15, em São Paulo.
A prisão foi confirmada pelo Ministério Público da Paraíba e realizada em ação conjunta com o Ministério Público do Trabalho, Polícia Civil dos Estados da Paraíba e de São Paulo.
Ele é investigado por suspeita de crimes envolvendo exploração sexual infantil e tráfico humano.
O Ministério Público da Paraíba, por meio da promotora de Justiça de Bayeux, Ana Maria França, conseguiu uma liminar que solicitava a suspensão das redes sociais de Hytalo, a interrupção da monetização e o afastamento imediato das crianças que viviam com ele, além da proibição de qualquer tipo de contato com os menores.
"Em Bayeux, nós instauramos esse procedimento a partir de reclamações de moradores do condomínio onde vivia o influenciador, sobre conduta irregular dele com crianças e adolescentes, na produção de seus conteúdos, se estendendo até tarde e com barulho, muitas dessas filmagens envolvendo bebidas alcoólicas, além de cenas que tinham uma conotação sensual. Começamos a coletar provas, dados, documentos, porque o Ministério Público só age dentro dos ditames legais. Agora, a primeira fase do procedimento está concluída, com essa ação civil pública. E tivemos a colaboração também de entidades parceiras na investigação para que tivéssemos êxito na recomendação”, concluiu a promotora.
Segundo França, as investigações começaram após reclamações de moradores do condomínio em que o influencer vivia, sobre condutas irregulares na produção de conteúdos com crianças e adolescentes, gravações estendendo-se até tarde, barulho excessivo, cenas com conotação sensual e consumo de bebidas alcoólicas. “Começamos a coletar provas, dados, documentos, porque o Ministério Público só age dentro dos ditames legais. Agora, a primeira fase do procedimento está concluída com essa ação civil pública”, afirmou.
Hytalo Santos é um influenciador digital de 28 anos, nascido em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba. Ele ficou conhecido por 'adotar' crianças e adolescentes e gravar conteúdos do dia a dia dos menores. Os vídeos faziam parte de uma espécie de reality show e eram publicados nas redes sociais com diversos desafios e pegadinhas. Seu canal no YouTube possui mais de 7 milhões de inscritos e o total de visualizações em seus vídeos ultrapassam um bilhão.
O grupo era chamado de "Turma do Hytalo" e ganhou ainda mais repercussão após o youtuber Felipe Bressanim, conhecido como Felca, publicar vídeo denunciando exploração sexual infantil na internet. Após a denúncia, a conta de Hytalo no Instagram foi banida.
"O Ministério Público do Estado da Paraíba, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), em atuação conjunta com o Ministério Público do Trabalho, a Polícia Civil do Estado da Paraíba, por meio da UNINTEPOL e da DECC, o CIBERLAB – Laboratório de Operações Cibernéticas da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (DIOPI) da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP/MJSP), a Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCSP), por meio da DEIC, e a Polícia Rodoviária Federal, informam que foram efetuadas as prisões do influenciador Hytalo Santos e de Israel Nata Vicente, em cumprimento a mandados expedidos pela 2ª Vara da Comarca de Bayeux, Estado da Paraíba, pelo Exmo. Sr. Dr. Antônio Rudimacy Firmino de Sousa.
As investigações têm por objeto os crimes de tráfico humano e exploração sexual infantil. As apurações criminais vêm sendo conduzidas com rigor técnico e absoluto respeito aos direitos e à dignidade das vítimas, especialmente crianças e adolescentes. Entretanto, o vazamento de informações sigilosas e a execução de medidas de natureza civil, dissociadas dos métodos próprios da investigação criminal, têm prejudicado a eficiência e a segurança do trabalho investigativo, além de potencialmente expor as vítimas a novos riscos.
O caso exige tratamento responsável, sem sensacionalismo e com máxima proteção à intimidade das vítimas, sobretudo no enfrentamento à exploração sexual, em especial no ambiente digital.
É importante destacar a necessidade do efetivo combate ao tráfico humano em âmbito estadual, pois se trata de uma grave violação de direitos que, embora muitas vezes menos visível que o transnacional, provoca impactos profundos nas comunidades locais. Nesse contexto, vítimas — frequentemente oriundas de situações de vulnerabilidade socioeconômica — são aliciadas, transportadas e exploradas dentro das fronteiras do próprio estado, seja para fins de exploração sexual, trabalho análogo à escravidão ou outras formas de servidão.
O enfrentamento dessa prática criminosa exige atuação coordenada, técnica e fundamentada, de modo a garantir a responsabilização dos autores e a salvaguarda dos direitos humanos.
O Ministério Público e as instituições parceiras reiteram seu compromisso inegociável com a defesa de crianças e adolescentes, mantendo-se firmes e integrados no combate a este crime grave, e conclamam a sociedade a apoiar essa missão por meio da denúncia responsável e da preservação da dignidade das vítimas."