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Genial/Quaest: operação do Rio freia recuperação da aprovação de Lula

Pesquisa Genial/Quaest mostra que a aprovação recuou um ponto percentual, na mesma proporção que a desaprovação aumentou

Lula: presidente vê a segurança frear a recuperação da sua popularidade (ANDREAS SOLARO/AFP)

Lula: presidente vê a segurança frear a recuperação da sua popularidade (ANDREAS SOLARO/AFP)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 07h00.

A aprovação do trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou oscilação negativa pela primeira vez em quatro meses, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 12.

O levantamento mostra que 50% dos brasileiros desaprovam a gestão petista, 47% aprovam, e 3% não sabem ou não responderam.

Essa é a primeira pesquisa que mostra uma interrupção da recuperação gradativa da popularidade de Lula desde março de 2025.

Segundo o instituto, a freada está ligada a megaoperação policial realizada no dia 28 de outubro no Rio de Janeiro, que colocou o tema da segurança pública no centro da discussão política.

Na última pesquisa, a diferença entre a aprovação e reprovação era de apenas um ponto percentual, que representava um empate técnico.

Na comparação com a pesquisa de outubro, a desaprovação teveuma variação positiva de um ponto percentual, enquanto a aprovação subiu teve uma oscilação negativa de um ponto.

Falas de Lula sobre segurança são reprovadas

Lula chamou a operação de matança e desastrosa, além de pedir investigações sobre a atuação da polícia do Rio. Dias antes, ao falar sobre o tráfico de drogas, o petista afirmou que os traficantes são vítimas dos usuários de droga.

A operação nos complexos do Alemão e da Penha é aprovada por 67% dos entrevistados na pesquisa, índice ligeiramente superior aos 64% apurados pela Quaest em pesquisa no RJ, realizada logo após a operação. Para 67%, não houve exagero na força empregada na operação, contra 29% que pensam o contrário.

O resultado mostra ainda que 81% discordam que traficantes sejam “vítimas dos usuários”. Entre lulistas, 66% discordam do presidente, na esquerda não-lulista 78% e entre independentes, 81%. Na opinião de 51%, a fala reflete uma opinião sincera, e não um mal-entendido, como pensam 39%.

Aumenta a preocupação com a segurança

Entre outubro e novembro, a preocupação da população com a segurança e violência subiu de 30% para 38%. Em segundo lugar continuou a economia, com 15%.

Os dados mostram que o governo patina na avaliação da sua atuação na esfera de segurança pública. Cerca de 36% (32% em março) consideram regular as ações da gestão petista contra a violência, 34% (contra 38% em março) acham negativa e outros 26% considera positiva.

Os governos estaduais têm 70% de avaliação entre positiva (35%) e regular (35%), e 27% de avaliação negativa.

A principal medida para reduzir a violência, apontada por 46%, inclui leis mais rígidas, penas maiores e a Justiça não soltar criminosos. Essas opções têm apoio de 39% dos lulistas, 31% dos que se dizem de esquerda, porém, não lulistas, 41% dos independentes, 53% dos de direita não bolsonarista e 58% dos bolsonaristas.

Em segundo lugar vem o conjunto formado por mais educação, oportunidades e medidas sociais, apontado por 27%. Entre lulistas, a aprovação a esse conjunto é de 29%. Mais policiamento (11%), ações duras contra facções (9%) e investimento em inteligência e tecnologia são outras medidas citadas.

Apoio ou rejeição a propostas no Congresso

Para 73%, organizações criminosas deveriam ser consideradas como terroristas. Medidas duras têm alto índice de aprovação. 88% são a favor do aumento da pena para homicídios cometidos a mando de organizações criminosas; 65% apoiam a retirada do direito de visita íntima a membros de facções nas prisões; a PEC da Segurança é aprovada por 60%.

A transferência da responsabilidade da segurança pública ao governo federal é aprovada por 52% e, na mão contrária, 46% defendem que cada estado tenha legislação própria sobre segurança pública. A facilitação da compra e do acesso a armas de fogo, por sua vez, é reprovada por 70%.

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 6 e 9 de novembro. Foram 2.004 entrevistas presenciais com brasileiros de 16 anos ou mais. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais.

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