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CPI do INSS vota quebra de sigilos de ex-assessor de Alcolumbre

Ex-chefe de gabinete de Alcolumbre é citado em relatório do Coaf por movimentações atípicas

Agência o Globo
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Publicado em 9 de outubro de 2025 às 06h56.

A CPI do INSS vai decidir nesta quinta-feira se aprova ou rejeita um pedido para quebrar os sigilos fiscal e telemático do advogado Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP). Boudens consta como beneficiário de um repasse de R$ 3 milhões da empresa Arpar Participações. Segundo a Polícia Federal, a companhia foi utilizada como "conta de passagem" pelo empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”.

A informação sobre o pagamento ao ex-assessor veio à tona em um relatório de inteligência financeira produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Os chamados Rifs trazem informações sobre movimentações financeiras atípicas e decorrem de alertas feitos pelos bancos e outras instituições.

Pagamentos e atuação no Senado

Procurado, Boudens não quis se pronunciar. Na época em que recebeu os repasses, entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024, ele ainda aparecia como assessor de Alcolumbre. Desde outubro do ano passado, o advogado ocupa um cargo no Conselho Político do Senado.

Apontado como um dos pivôs do esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o “careca do INSS” repassou cerca de R$ 50 milhões à Arpar. Em depoimento à CPI, o lobista explicou que o dinheiro se referia à compra de títulos de dívida da empresa, pelos quais recebia juros.

"Referente à Arpar, que é uma empresa que eu comprei debêntures dela. É uma empresa de tecnologia, onde realmente eu estou investindo, porque, conforme disse na minha fala inicial, eu sou um empresário que atua em várias frentes, não só a médio ou curto prazo", afirmou ele ao colegiado.

Histórico de denúncias contra Paulo Boudens

Em 2021, Boudens foi envolvido em um suposto esquema de rachadinha no gabinete de Alcolumbre. O caso foi revelado pela revista Veja, segundo a qual pessoas de confiança do parlamentar recolhiam parte do salário de seis assessoras, que ganhavam entre R$ 4 mil e R$ 14 mil.

A trama teria funcionado entre janeiro de 2016 e março de 2021. Na época, em resposta à revista, Alcolumbre negou as irregularidades e disse que a contratação de funcionários estava sob responsabilidade do seu chefe de gabinete, cargo então ocupado por Boudens.

O advogado, por sua vez, fechou um acordo de não persecução penal com a Procuradoria-Geral da República no qual admitiu as irregularidades e se comprometeu a devolver o montante total da rachadinha — cerca de R$ 2 milhões.

Novos depoimentos e suspeitas na CPI do INSS

Além de analisar o requerimento sobre a quebra dos sigilos, a CPI vai ouvir o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza, o Milton Cavalo, durante a sessão desta quinta-feira.

A associação é suspeita de envolvimento no escândalo de fraudes no INSS e movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão em seis anos, segundo relatório do Coaf. O Sindnapi tem entre os seus dirigentes o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele não é citado na investigação.

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