Agência de notícias
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 08h12.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga fraudes no INSS apura um repasse de R$ 1,6 milhão para a irmã do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, mais conhecido como o "Careca do INSS". A quantia foi depositada por Rubens Oliveira Costa, apontado pela Polícia Federal como ex-sócio de Antunes.
A informação sobre a transferência consta em uma comunicação de operação financeira de um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento integra a investigação da Polícia Federal sobre o esquema de fraudes do INSS.
O valor foi depositado para Clélia Antunes, irmã de Careca do INSS, em julho de 2020, segundo requerimento feito pelo relator da CPI, Alfredo Gaspar (União-AL). Por regra, os bancos precisam comunicar ao Coaf operações com indícios de lavagem de dinheiro ou outro ilícito.
A reportagem tentou contato com Clélia por telefone e e-mail, mas não obteve resposta. A defesa de Antunes também não se manifestou.
Em nota, o advogado Bernardo Simões Coelho, que defende Rubens, afirmou que seu cliente "somente passou a prestar serviços para o senhor Antônio Carlos Camilo Antunes em julho de 2022, não tendo, portanto, qualquer relação com supostos pagamentos que teriam ocorrido em 2020". Ele reafirmou que Rubens se mantém à disposição do inquérito para prestar esclarecimentos e reafirma compromisso com a Justiça.
Durante seu depoimento à CPI nesta quinta-feira, Careca do INSS foi questionado sobre a irmã, mas se recusou a responder.
A comissão já convocou para depor o filho e a mulher de Careca do INSS, por entender que fazem parte do suposto esquema de lavagem de dinheiro usado pelo empresário. O relator apresentou ainda um requerimento para ouvir Clélia, que ainda não foi apreciado.
No pedido, Gaspar ressalta que Rubens é um dos investigados na Operação Sem Desconto por ser sócio de diversas empresas ligadas a Careca do INSS. A informação consta na investigação da Polícia Federal, mas é negada por Rubens.
“Jamais fui sócio de qualquer empresa ao lado do senhor Antônio Camilo. Atuei em apenas quatro de suas empresas, no papel de administrador financeiro, e nada além disso. Fui contratado como funcionário pelo senhor Antônio, recebendo salário. Jamais recebi qualquer comissão, dividendos ou outra remuneração além do salário combinado. Exceto nos últimos quatro meses de trabalho, onde recebi uma pequena gratificação em razão do aumento da carga de trabalho.”
Na época da transferência, Clélia Antunes era servidora pública federal, ocupando cargo no Ministério das Cidades. Ela deixou a pasta em julho deste ano, ao se aposentar por tempo de serviço, após mais de 30 anos de atuação na administração pública.