Agência de notícias
Publicado em 8 de setembro de 2025 às 07h20.
Última atualização em 8 de setembro de 2025 às 07h23.
Marcado para esta segunda-feira, 8, o depoimento do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) na CPI do INSS tem causado apreensão no governo. Fora da pasta desde maio, após o escândalo das fraudes em descontos, ele recusou a proposta de passar por media training e, de acordo com interlocutores, não tem se preparado para ser questionado na comissão. Pesa ainda o distanciamento em relação à gestão petista: o ex-auxiliar de Lula mantém pouco diálogo com ex-colegas da Esplanada e está afastado do Palácio do Planalto.
O presidente do PDT é um dos principais alvos do colegiado porque estava à frente do ministério quando o escândalo foi revelado. Foi sob sua gestão, nos anos de 2023 e 2024, que os descontos associativos se multiplicaram.
Aliados do ex-ministro que seguem no governo prepararam um resumo com uma linha do tempo dos principais fatos. Não há, no entanto, expectativa de que Lupi estude a cronologia. A pessoas próximas, ele afirmou que via com tranquilidade sua participação na comissão. O perfil espontâneo do ex-ministro é considerado um fator imprevisível para seu desempenho. Procurado, Lupi não se manifestou.
Um temor é que o fato de estar fora do governo há quatro meses faça com que ele não tenha na ponta da língua as datas de todos os acontecimentos e se confunda ao tratar do assunto, o que pode ser explorado pela oposição. Integrantes do Executivo entendem que seria imprescindível uma preparação do ex-ministro para enfrentar a maratona de questionamentos. Outros membros do primeiro escalão já vêm sendo preparados internamente.
Apesar da preocupação, auxiliares de Lula avaliam que Lupi é leal ao governo e não agirá com a intenção de prejudicar a gestão petista na comissão. O ex-ministro, inclusive, já declarou que Lula será seu candidato à Presidência em 2026.
Ao deixar o ministério, no início de maio, Lupi saiu com certa mágoa pela forma como ocorreu seu desligamento. O ex-ministro pediu demissão quando a permanência ficou inviável após a eclosão do escândalo no INSS. Embora as investigações não citem Lupi, o entendimento no Planalto foi que prevaleceu a percepção na opinião pública de que ele não tomou providências para estancar os descontos. As apurações revelaram também uma demora nas ações do governo sobre o tema, mesmo após diversos alertas.
Esse ponto, em específico, é esperado pelo governo como um dos que será mais explorado pela oposição na CPI, junto com a estratégia de uma sessão demorada e repleta de perguntas repetidas, em um teste para verificar se o ex-ministro manterá sempre o mesmo argumento. Governistas vão acompanhar com atenção o depoimento, marcado para esta segunda, às 16h.
A composição do colegiado da CPI foi considerada um péssimo início para o governo, na avaliação de auxiliares de Lula. Os dois principais postos estão com nomes da oposição: a presidência, com o senador Carlos Viana (Podemos-MG), e a relatoria, com o deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Integrantes do Executivo chegaram a cogitar uma aproximação prévia com ambos antes do início das sessões, mas foram aconselhados a evitar qualquer movimento pelo perfil dos dois parlamentares, alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.