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“Corrupção é engrenagem que financia a política no Brasil”

Em entrevista a jornal, procurador da Lava Jato afirma que empreiteiras foram as maiores beneficiadas pelo esquema de corrupção na Petrobras.

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima (Reprodução)

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima (Reprodução)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 18 de março de 2015 às 16h33.

São Paulo – Esquemas de corrupção como o da Petrobras são parte de uma engrenagem montada para financiar a política no país. É o que diz o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que faz parte da equipe responsável pelas investigações da Operação Lava Jato. Lima deu entrevista ao jornal Folha de S.Paulo e falou sobre a apuração do esquema de corrupção na estatal.

“Hoje olhando os depoimentos e como tudo funciona, digo que é uma engrenagem para financiar a política no Brasil. Essa engrenagem é um relógio gigantesco que pode perder algumas peças que são substituídas por outras. Mas ele funciona até independente da vontade dessas peças”, afirmou o procurador.

Segundo Lima, o caminho das investigações pode mostrar que o esquema de corrupção não está restrito à Petrobras. “Incentivamos [que os delatores entreguem] novos mercados, novos fatos criminosos que vão além dos esquemas que nós já conhecemos”, afirmou, lembrando que, no início, acreditava-se que o esquema na Petrobras estava restrito a apenas uma diretoria.

Para o procurador, as principais beneficiadas com esquema de corrupção e pagamento de propina instalado na Petrobras são as empreiteiras. “Creio que o esquema gerava um lucro para elas que deveria ser três ou quatro vezes o custo da propina”, disse Lima ao jornal.

O procurador falou ainda sobre algumas suspeitas levantadas nas delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

“Às vezes a pessoa fala: ‘eu sei que fulano de tal e fulano de tal comandaram tudo’. E nós questionamos: ‘Você soube disso como?’ E aí se percebe que a pessoa às vezes inferiu, deduziu”, explicou o procurador na entrevista à Folha.

Dentre as suspeitas que ainda precisam ser esclarecidas estão a do envolvimento do ex-ministro Antonio Palocci e a de que Lula e Dilma sabiam do esquema.

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