Brasil

Censo 2022: 75% dos diplomados em Medicina no Brasil são brancos, contra apenas 2,8% de pretos

Proporção de negros com ensino superior quintuplica, mas desigualdade ainda é gritante, mostram dados do IBGE

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 10h44.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2025 às 10h50.

A desigualdade no acesso ao ensino superior caiu nos últimos 22 anos, mas a população negra que cursou pelo menos a graduação ainda corresponde à metade da branca. Em áreas com alto retorno econômico, a diferença de acesso é ainda maior. Enquanto apenas 2,8% dos médicos e 3,9% dos economistas brasileiros são pretos, 75% dos diplomados das duas áreas são brancos. Já os pardos correspondem a, respectivamente, 19% e 18% dos graduados nessas profissões.

As informações são do Censo 2022, divulgadas nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio do ano passado, o instituto publicou os dados sobre alfabetização e, agora, apresentou as descobertas sobre a escolaridade média dos brasileiros. A pesquisa foi feita por um questionário amostral, em que participam 10% da população, mas de forma com que seja representativo para todo o país.

Mesmo no grupo de 25 a 29 anos as diferenças são grandes. Segundo o Censo 2022, 71% dos diplomados em Medicina nesta faixa etária são brancos e 27% são negros (3% de pretos e 24% de pardos). Em Economia, essas proporções são de 70% e 28% (5% de pretos e 23% de pardos), respectivamente.

Só cinco de 87 áreas de graduação agrupadas pelo IBGE no Censo 2022 têm maioria de profissionais diplomados negros (o conjunto de pretos e pardos) no país. Nessa lista, estão serviço social; proteção de pessoas e de propriedades; saúde e segurança no trabalho; pesca; e religião e teologia.

Desigualdade persiste

A proporção de pessoas pretas e pardas que cursaram graduação quintuplicou em 22 anos. No entanto, ainda é metade da branca. Segundo o IBGE, apenas 2,1% da população preta e 2,4% da parda, em 2000, possuíam ensino superior. Entre os brancos, esse patamar era de 9,9%. Já em 2022, esses patamares subiram em todos os grupos analisados e passaram para 11,7%, 12,3% e 25,8%, respectivamente.

Os dados mostram ainda que 62% dos brasileiros com ensino superior são brancos, e 36% são negros (7% de pretos e 29% de pardos). Considerando apenas a população de 25 a 29 anos, isso cai para 58% e 41%, respectivamenete — o que aponta um caminho de diminuição da desigualdade.

Esses avanços registrados refletem diversas políticas de expansão do ensino superior público e esforços de inclusão, como a política de cotas, implementada a partir de 2012, e programas como o Programa Universidade Para Todos (Prouni), de 2005.

Especialistas apontam ainda que uma série de medidas que vêm sendo adotadas pela sociedade desde a década de 1990 também contribuíram para esse resultado. Nessa lista, estão a popularização de pré-vestibulares comunitários e a luta pelo direito à isenção da taxa do vestibular para todos os estudantes mais vulneráveis.

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoBrasilMedicina

Mais de Brasil

Recuperação da popularidade de Lula perde fôlego e reprovação chega a 40%, diz Datafolha

Itamaraty entrega a autoridades italianas pedido de extradição de Carla Zambelli

Moraes diz em julgamento no STF que redes sociais permitem ações 'criminosas' contra crianças

MP do governo prevê mudança em cargos da Receita Federal com custo de R$ 12,9 milhões por ano