Agência de notícias
Publicado em 13 de setembro de 2025 às 21h14.
Em regime de prisão domiciliar, o ex-presidente Jair Bolsonaro sairá pela primeira vez de casa após ser condenado a 27 anos de prisão por liderar uma tentativa de golpe. Ele vai realizar neste domingo um procedimento cirúrgico na pele de baixa gravidade no hospital DF Star, na Asa Sul, em Brasília.
O mandatário terá o carro vistoriado antes de sair do seu condomínio e será acompanhado por uma escolta de agentes da Polícia Penal do Distrito Federal, que estarão a paisana. Além disso, o ex-presidente estará com uma tornozeleira eletrônica e o entorno do hospital deve receber reforço da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF). Apoiadores do ex-presidente já marcaram uma manifestação em solidariedade a Bolsonaro na manhã deste domingo.
No fim de agosto, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou uma série de ações para diminuir o risco de fuga do ex-presidente. Uma avaliação da Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seape-DF) apontou que havia "pontos cegos" nos fundos e lateral da residência de Bolsonaro.
Ao autorizar o pedido da defesa de Bolsonaro, Moraes destacou que a decisão não o "dispensava" do cumprimento das medidas cautelares, como a proibição de utilizar redes sociais e o uso da tornozeleira, além da vistoria no porta-mala dos veículos que saírem da sua residência.
"Oficie-se, com urgência, à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para conhecimento, acompanhamento e adoção das providências necessárias", escreveu Moraes, no despacho. O esquema montado pela SSP-DF é mantido sob sigilo.
"A Policia Penal do DF está cumprindo as ordens judicias em conformidade com a decisões expedidas e não comenta ou detalha operações em curso", disse, em nota, o órgão do DF.
Bolsonaro passará por dois procedimentos médicos no hospital - um para retirar um "nevo melanocítico" (pinta) no tronco, que geralmente são lesões benignas. E outro para recolher material cutâneo que deve ser levado a uma biópsia.
Conforme o pedido médico anexado ao processo no Supremo, ele deve ficar em "regime ambulatorial, com previsão de alta no mesmo dia". O ex-presidente precisará entregar um atestado médico relatando os detalhes dos procedimentos num prazo de até 48 horas.
Na última sexta-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Bolsonaro a 27 anos de prisão por cinco crimes - organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. Pela primeira vez na história do Brasil, um ex-presidente foi sentenciado por uma tentativa de derrubar o governo eleito.
Como a condenação prevê o cumprimento da pena em regime fechado, a defesa já prepara um pedido de prisão domiciliar. O principal argumento será o quadro de saúde "delicado" do ex-presidente, que tem sofrido com crises de soluço e sequelas da facada sofrida durante a campanha eleitoral, em 2018.
6 de setembro de 2018
Bolsonaro precisa passar por uma cirurgia de emergência no Hospital de Juiz de Fora, em Minas Gerais, após ser esfaqueado durante a campanha eleitoral.
12 de setembro de 2019
Dias depois, após ser transferido para São Paulo, precisou passar por uma cirurgia de desobstrução do intestino.
28 de janeiro de 2019
Cirurgia para retirada da bolsa de colostomia, que precisou ser colocada durante a recuperação da facada.
8 de setembro de 2019
Uma das cirurgias causou uma hérnia na cicatriz. Por isso, o presidente precisou fazer novo procedimento cirúrgico para correção.
12 de setembro de 2023
Presidente passou por nova cirurgia em decorrência da facada, quando foi preciso corrigir uma hérnia de hiato, ou seja, uma cirurgia na porção superior do estômago para resolver um quadro de refluxo.
Cirurgia do dia 13 de abril de 2025: 12 horas de operação
Após 12h de cirurgia, o último boletim médico do ex-presidente indicava que ele estava sem dor e com quadro de saúde “estável”. "O ex-Presidente da República Jair Bolsonaro foi submetido a cirurgia de extensa lise de aderências e reconstrução da parede abdominal. O procedimento de grande porte teve duração de 12 horas, ocorreu sem intercorrências e sem necessidade de transfusão de sangue", diz trecho do comunicado dos médicos que fizeram a cirurgia no DF Star.
Os profissionais acrescentaram que a "obstrução intestinal era resultante de uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e que foi desfeita durante o procedimento de liberação das aderências. Encontra-se no momento na Unidade de Terapia Intensiva, estável clinicamente, sem dor, recebendo medidas de suporte clínico, nutricional e prevenção de infecções".