Agência de notícias
Publicado em 23 de julho de 2025 às 19h43.
Por conta do novo pacote de tarifas anunciado pelo governo dos Estados Unidos, as exportações do agronegócio brasileiro para o país podem cair quase pela metade. A estimativa é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que calcula uma perda de até US$ 5,8 bilhões para o setor, caso as medidas sejam efetivadas nos moldes propostos.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 12,1 bilhões em produtos do agro para os EUA. Com o tarifaço — que pode elevar em até 50% o custo de entrada desses produtos no mercado americano — a CNA prevê uma redução de 48% no valor total das exportações.
A projeção leva em conta a chamada elasticidade das importações, um indicador que mede como a demanda dos Estados Unidos reage a mudanças no preço dos produtos. Ou seja, quanto mais sensível o produto é ao aumento de preço, maior a queda nas compras. A entidade partiu do princípio de que o aumento das tarifas seria totalmente repassado ao consumidor final, o que elevaria os preços dos produtos brasileiros em até 50%.
De acordo com a análise, os impactos não serão iguais para todos os setores. Produtos como suco de laranja e açúcares especiais teriam suas exportações praticamente zeradas. O suco de laranja, por exemplo, hoje enfrenta tarifas entre 5,26% e 6,13%. Com o novo pacote, elas passariam a mais de 55%, o que tornaria o produto inviável para o consumidor americano. A CNA estima queda de 100% nas exportações do produto.
Situação semelhante ocorreria com o álcool etílico, que teria sua tarifa multiplicada de 2,5% para 52,5%, com estimativa de queda de 71% no volume exportado.
Já no caso do café verde, um dos principais produtos do agro brasileiro, o impacto seria menor. A previsão é de queda de 25% nas exportações, mesmo com o novo imposto de 50%. Isso porque a oferta global de café vem caindo nos últimos anos, o que reduz as opções de substituição por parte dos Estados Unidos.
Outros produtos que também teriam perdas significativas são:
Para a CNA, o tarifaço representa um risco direto às exportações brasileiras e à competitividade do agro no mercado internacional. "A maior parte dos produtos exportados para os EUA tem elasticidade inferior a -1, o que significa que são altamente sensíveis às variações de preço. Um aumento tarifário dessa magnitude pode expulsar o Brasil de um dos principais mercados do mundo", alerta a entidade.
A análise foi elaborada com base nos dados de comércio dos EUA dos últimos cinco anos. Segundo a CNA, caso as tarifas se confirmem, será necessário buscar novos mercados ou negociar acordos bilaterais que protejam os produtos brasileiros da sobretaxa.
O tarifaço proposto pelos EUA ainda depende de formalização e pode sofrer alterações.