EXAME Agro

Por que os preços do tomate e do ovo recuaram em maio, enquanto os do café subiram mais de 4%

Para o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, a oferta de hortifrútis varia conforme as condições climáticas ao longo do ano

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 10 de junho de 2025 às 11h25.

Última atualização em 10 de junho de 2025 às 11h28.

O preço dos alimentos caiu de 0,82% em abril para 0,17% em maio, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, divulgados nesta terça-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA desacelerou para 0,26% em maio, recuando 0,17 ponto percentual (p.p.) em relação a abril.

Segundo o órgão, contribuíram para esse resultado as quedas de 13,52% do tomate, 4,00% do arroz, 3,98% dos ovos e 1,67% das frutas.

Para o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, a oferta de hortifrútis varia conforme as condições climáticas ao longo do ano. Por isso, a precificação desses produtos sofre flutuações esperadas, com maiores ou menores impactos a cada ciclo, como a batata.

O recuo observado no tomate ocorreu em função da resistência de compradores aos altos patamares atingidos nos últimos meses, diz o Cepea. Além disso, o clima mais frio derruba a demanda pelo fruto, o que influencia o movimento de baixa.

A queda nos preços do arroz ocorre por um esperado aumento de mais de 15% na produção brasileira, com boa recuperação na colheita do Rio Grande do Sul, principal produtor do cereal no país, além de uma melhora na oferta global.

Estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta para uma produção de 12,1 milhões de toneladas de arroz, incremento de 14,8% em relação ao ciclo anterior em função do aumento da produtividade gaúcha.

O ovo caiu pelo segundo mês consecutivo em função do aumento da oferta do produto no mercado.

Preços do café e da cebola

Com o aumento de 4,59% nos preços do café moído em maio, o produto acumula uma alta de 82,24% na inflação dos últimos 12 meses.

A disparada nos preços da bebida está relacionada à quebra de safra tanto no Brasil quanto no Vietnã, os dois principais produtores mundiais do grão.

Desde 2021, as safras de café têm sido impactadas por fatores climáticos adversos, resultando em colheitas menores e pressão sobre os preços devido ao aumento da demanda global.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), os preços do café devem enfrentar novas altas nos próximos meses, podendo crescer até 25%.

Levantamento da entidade aponta que a indústria enfrentou um aumento de custos superior ao repassado ao consumidor e deverá transferir parte desse impacto ainda no primeiro trimestre de 2025. A alta no custo da matéria-prima foi de 224% entre 2021 e 2024.

O aumento de 10,28% da cebola envolve os baixos estoques do bulbo no Sul do Brasil, uma das principais regiões produtoras, a importação abaixo do potencial, clima crítico em Irecê, na Bahia, que afetou a produtividade, além do início da colheita em Minas Gerais e Goiânia.

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