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Os 3 motivos que explicam o saco de arroz a até R$ 1 mil no Japão

Preço médio de uma saca de 60 kg de arroz colhido em 2024 atingiu o recorde de mais de US$ 184, ou R$ 1.029

Japão: A escassez de arroz no Japão fez os preços do grão dispararem no país asiático.

Japão: A escassez de arroz no Japão fez os preços do grão dispararem no país asiático.

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 9 de junho de 2025 às 13h44.

Última atualização em 9 de junho de 2025 às 14h39.

A escassez de arroz no Japão fez os preços do grão dispararem no país asiático. Segundo o Financial Times, o preço médio de uma saca de 60 kg de arroz colhido em 2024 atingiu o recorde de mais de US$ 184, ou R$ 1.029, enquanto o pacote de 5 kg nos supermercados dobrou de valor na semana encerrada em 25 de maio, em comparação ao mesmo período de 2023, alcançando US$ 29,62, ou R$ 172,40.

O jornal britânico afirma que três fatores contribuíram para o aumento acentuado dos preços do cereal no Japão:

  • Colheita ruim em 2023 e a recuperação lenta: A colheita de arroz no Japão em 2023 foi abaixo do esperado, o que impactou a oferta do grão. Embora o país ainda tenha estoques, ele não se recuperou completamente dessa baixa produção, o que gerou uma escassez relativa de arroz disponível no mercado.

  • Aumento da demanda e comportamento do consumidor: Com a escassez de arroz, os consumidores correram para acumular o produto, criando um aumento inesperado na demanda. Além disso, a retenção de estoques por parte dos atacadistas, que esperavam que os preços continuassem a subir, também contribuiu para a pressão sobre os preços.

  • Disposição dos varejistas para aumentar preços: O Japão vivia um longo período de deflação, mas com o fim dessa fase, os varejistas passaram a ter mais disposição para aumentar os preços, principalmente devido à baixa oferta de arroz e à maior demanda. Esse cenário, aliado à pressão do mercado, impulsionou o preço do arroz para níveis recordes.

Reserva de arroz do Japão

Segundo o Financial Times, o efeito colateral da escassez e do aumento dos preços foi criar uma forte competição entre as cooperativas compradoras de arroz — que controlam cerca de 40% do mercado japonês —, os atacadistas e outros compradores em grande escala, como redes nacionais de restaurantes e fabricantes de alimentos.

A produção aumentou em 2024, mas os grupos que abastecem as empresas alimentícias e os supermercados receberam 200 mil toneladas a menos que o habitual, forçando os produtores a recorrer a circuitos alternativos.

As autoridades suspeitam que intermediários segurem os estoques para lucrar mais, esperando que os preços subam antes de vender.

A produção de arroz beneficiado do Japão deve atingir 7,28 milhões de toneladas no ano comercial 2025/26 (novembro de 2025 a outubro de 2026), ante 7,294 milhões na safra anterior, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Os maiores produtores de arroz do mundo, em ordem de produção, são: China, Índia, Bangladesh, Indonésia, Vietnã, Tailândia, Myanmar e Filipinas. A China e a Índia, juntas, respondem por mais da metade da produção mundial.

O Japão não está na lista em razão da escassez de território disponível para a produção em larga escala.

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