EXAME Agro

O engenheiro agrônomo dos EUA que 'fundou' a Revolução verde e 'alimentou' a Índia e o Paquistão

Pesquisador, nascido em Iowa, desenvolveu sementes de trigo resistentes a doenças e de alto rendimento, além de novas variedades de arroz

Borlaug: pesquisador dedicou grande parte de sua carreira ao melhoramento genético do trigo, inicialmente no México e depois colaborando com cientistas de diversos países, como Índia e Paquistão (Encyclopaedia Britannica)/Divulgação)

Borlaug: pesquisador dedicou grande parte de sua carreira ao melhoramento genético do trigo, inicialmente no México e depois colaborando com cientistas de diversos países, como Índia e Paquistão (Encyclopaedia Britannica)/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 13 de julho de 2025 às 07h01.

A safra recorde de grãos no Brasil — com projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicando que a produção brasileira atingirá 339 milhões de toneladas na safra 2024/25 — faz parecer que o país e o mundo sempre tiveram safras abundantes e produtivas. Se hoje o mundo produz alimentos para alimentar os 8 bilhões de habitantes, essa bonança se deve a muita ciência e pesquisa. Entre elas, a de um cientista norte-americano, que contribuiu para o desenvolvimento de sementes geneticamente aprimoradas para alimentar mais pessoas no mundo: Norman Ernest Borlaug.

Natural de Cresco, Iowa, nos Estados Unidos — o principal estado produtor de milho do país — Borlaug foi um agrônomo e geneticista mundialmente reconhecido por suas contribuições na produção de alimentos e luta contra a fome, como mostra a Academia Brasileira de Ciência (ABC).

Nascido em 1914, Borlaug dedicou grande parte de sua carreira ao melhoramento do trigo, inicialmente no México e depois colaborando com cientistas de diversos países, como Índia e Paquistão.

Seu trabalho resultou no desenvolvimento de sementes de trigo resistentes a doenças e de alto rendimento, além de novas variedades de arroz e outros cereais, que ajudaram a aumentar significativamente a produção de alimentos.

A principal inovação de Borlaug foi a chamada “Revolução Verde”, que envolveu o uso de sementes de trigo melhoradas, novos tipos de arroz de alto rendimento e a racionalização do uso de fertilizantes e irrigação, segundo a Enciclopédia Britânica.

A marca da pesquisa de Borlaug foi aumentar a produção de alimentos, contrariando os prognósticos pessimistas sobre a escassez alimentar.

Premio Nobel

Em 1970, Borlaug recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho na ampliação da produção agrícola, sendo reconhecido por sua contribuição à segurança alimentar global.

Com o apoio de instituições como a Fundação Rockefeller e do governo do México, o pesquisador dirigiu o Programa Cooperativo de Pesquisa e Produção de Trigo no México.

Ao longo de 20 anos, Borlaug conseguiu desenvolver uma variedade de trigo resistente e de alto rendimento, essencial para a alimentação em países em desenvolvimento.

Inicialmente, o pesquisador enfrentou resistência local, já que os agricultores mexicanos eram céticos em relação às variedades experimentais, devido a tentativas anteriores mal-sucedidas de introduzi-las na região.

O fungo causador da ferrugem do trigo forma pústulas de cor marrom-avermelhada no colmo (caule) e nas folhas.

A presença do fungo reduz a qualidade dos grãos e pode levar à morte da planta. As lavouras infectadas têm produtividade extremamente baixa.

Borlaug também foi responsável por treinar milhares de jovens cientistas no Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT), no México, entre 1963 e 1970, ampliando a disseminação de sua tecnologia agrícola.

Além de seu trabalho com trigo, ele se envolveu no desenvolvimento do "triticale", um grão híbrido de trigo e centeio com grande potencial para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade nutricional.

Ao longo de sua carreira, Borlaug recebeu reconhecimento internacional de universidades e organizações de seis países, incluindo Canadá, Índia, México, Noruega, Paquistão e Estados Unidos.

Seu nome foi eternizado em uma rua na Ciudad Obregon, no México, em reconhecimento aos seus primeiros trabalhos na região.

Borlaug faleceu em 2019, aos 95 anos.

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