Terras degradadas: técnicas variadas podem auxiliar na recuperação (Ramesh Thadani/Getty Images)
Agência
Publicado em 20 de outubro de 2025 às 19h48.
Última atualização em 20 de outubro de 2025 às 19h59.
Os irmãos Igor e Ivan Biancon, produtores rurais em Sinop (MT), conseguiram transformar áreas improdutivas em solo fértil. Há alguns anos, parte da fazenda havia sido degradada pelo sobrepastoreio. Hoje, os caminhões voltam a circular carregados com algodão, enquanto a soja recém-plantada brota em terras recuperadas.
A mudança começou quando os produtores buscaram crédito para ampliar a produção de soja e milho. Em vez de abrir novas áreas, receberam a indicação do projeto Reverte, criado pela Syngenta, controlada pela chinesa Sinochem, em parceria com a The Nature Conservancy (TNC).
O programa propõe recuperar terras degradadas, oferecendo assistência técnica e acesso a financiamento rural sustentável.
Lançado em 2019, o Reverte atua principalmente no Cerrado brasileiro, região afetada pelo desmatamento ilegal e pela pressão por novas áreas agrícolas. O objetivo é aumentar a produtividade sem desmatar, promovendo práticas de manejo sustentável.
Os produtores que aderirem ao projeto podem acessar linhas de crédito do Itaú BBA, desde que cumpram critérios sociais e ambientais.
Segundo Gabriel Mora, coordenador de sustentabilidade da Syngenta, cada fazenda recebe um plano de recuperação adaptado às condições do solo.
No caso dos Biancon, a revitalização combinou o uso de matéria orgânica e fertilizantes químicos. Antes de 2020, a fazenda tinha 14 mil hectares cultiváveis; hoje, alcança 45 mil hectares produtivos, divididos entre soja, feijão e algodão, além de 7 mil cabeças de gado.
Para ampliar a adesão ao programa, a Syngenta oferece ferramentas digitais de monitoramento e crédito com prazos de até dez anos.
A fazenda JNC, localizada a cerca de 300 quilômetros de Sinop, é atualmente a maior participante do Reverte, com 90 mil hectares. A propriedade cultiva soja, algodão e milho, utilizando sistemas digitais para controle em tempo real das operações.
A densidade e profundidade do plantio são programadas nas semeadoras, e as equipes acompanham o processo por sensores e painéis na sede, com alertas sobre clima, incêndios e produtividade.
As áreas da JNC seguem um modelo de rotação entre pastagem e cultivo, que alterna soja e capim para o gado. O método evita o sobrepastoreio e mantém o solo fértil. O acesso ao programa exige o cumprimento do Código Florestal Brasileiro, com preservação da vegetação nativa e proibição de expansão agrícola sobre florestas.
O diretor técnico da JNC, Elson Stives, apresentou o projeto de reflorestamento local, que recupera áreas próximas às 46 nascentes da fazenda com espécies nativas do Cerrado e da Amazônia. A ação ajuda a manter o abastecimento de água e a irrigação agrícola.
Para a diretora de sustentabilidade da Syngenta, Petra Laux, o Reverte demonstra que é possível produzir mais alimentos e proteger o meio ambiente. Hoje, o programa reúne 394 fazendas e já restaurou quase 280 mil hectares.
O diretor de comunicação da Syngenta, Saswato Das, afirma que o futuro da agricultura depende de equilibrar produção e conservação, construindo uma cadeia mais eficiente e sustentável.