Carlos Oliveira, CEO da Fribal, e Luiz Gustavo Oliveira, vice-presidente do grupo: Fribal detém 65% de market share no Maranhão e cerca de 35% no Nordeste (Agência Centopeia/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 5 de outubro de 2025 às 08h01.
Após investir R$ 82 milhões na diversificação de seus negócios nos últimos dois anos, a Fribal, grupo de frigoríficos com atuação no Nordeste brasileiro, prepara novos caminhos para 2026. Além da previsão de investimentos da ordem de R$ 40 milhões no próximo ano, a estratégia da Fribal será criar um spin-off da atual companhia, ou seja, uma nova empresa dentro do grupo focada exclusivamente para o varejo. O grupo projeta faturar R$ 4,5 bilhões no próximo ano. Em 2025, a projeção é de R$ 3,2 bilhões.
"Atualmente, estamos presentes em toda a cadeia produtiva como um único grupo. A ideia agora é realizar o spin-off do varejo para tratar esse crescimento de forma especial, com foco em governança, garantindo que tudo seja feito de maneira estruturada e eficiente", afirma Luiz Gustavo, vice-presidente da companhia.
O executivo conta que ainda se discutem se a nova operação terá um novo nome ou se deve manter o nome atual. De acordo com o VP, “o nome Fribal é muito forte no Nordeste”.
A Fribal detém 65% de market share no Maranhão e cerca de 35% no Nordeste, segundo informações da companhia. Além do Maranhão, o grupo também atua no Ceará e no Piauí. Atualmente, conta com 404 lojas, distribuídas entre supermercados, açougues de bairro, empórios e restaurantes, além de exportar para 80 países.
"A capilaridade vai ser maior. Estamos profissionalizando a gestão para crescermos com os pés no chão. Em toda a cadeia produtiva, estamos avançando, mas o varejo, sem dúvida, é a cereja do bolo", afirma o VP.
A história da Fribal começou em 1985, quando Carlos Oliveira, atual CEO do grupo, recém-formado em zootecnia, se mudou para o Maranhão para explorar o setor de carne. Na época, a região consumia carne "quente", abatida de forma tradicional. Oliveira foi pioneiro ao trazer carne resfriada para o estado, o que foi uma grande inovação, diz ele.
No Brasil, carne "quente" é aquela que sai do abate sem refrigeração, enquanto carne "resfriada" passa por um processo rápido de resfriamento, atingindo temperaturas entre 0°C e 7°C, preservando suas características frescas por um tempo limitado.
"A aceitação foi difícil, pois as pessoas não acreditavam na qualidade da carne resfriada", diz Oliveira.
Para driblar essa resistência, ele montou um açougue em São Luís e, em 1986, um frigorífico em Bacabal, a 240 km da capital maranhense.
O CEO destaca que a trajetória da Fribal foi o inverso do que normalmente ocorre no setor. Em vez de começar com frigoríficos e depois abrir açougues, a empresa iniciou no varejo, passou para a indústria e, por fim, entrou na pecuária.
"Por isso, o lema do nosso negócio é 'Do Pasto ao Prato', que engloba pecuária, indústria, varejo e também nossos restaurantes", diz.
Para 2025, a Fribal projeta um faturamento de R$ 3,2 bilhões, o que representa um crescimento de 14,2% em relação a 2024. Neste ano, a estratégia da companhia foi focada na consolidação da marca, como destaca Carlos Oliveira, CEO do grupo.
A empresa ampliou sua atuação no varejo em 2025, com a abertura de cinco açougues próprios, duas mercearias e um empório — um açougue premium que oferece produtos orgânicos e carnes selecionadas. Além disso, investiu em uma plataforma digital de vendas.
O varejo responde por cerca de 33% do faturamento da Fribal, com o restante proveniente da indústria, composta pelos seus frigoríficos.
A empresa continua expandindo seu mercado, com a criação de uma nova central de distribuição que aumentará sua capilaridade e permitirá atender mais regiões, mantendo sua presença no Nordeste.
Apesar de sua base sólida na região, Carlos Oliveira não descarta a possibilidade de expandir para outras áreas, como São Paulo.
"A vontade é grande, mas depende do momento. Tenho certeza de que a oportunidade é multiplicável para o país inteiro", conclui.