Chuvas na Argentina: volumes acumulados chegaram a quase 400 milímetros em diversas localidades do norte da província de Buenos Aires, segundo da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR). (Estanislao Ramos/EL CLARÍN)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 20 de maio de 2025 às 11h57.
Última atualização em 20 de maio de 2025 às 12h35.
As chuvas volumosas que atingiram Buenos Aires no último final de semana devem reduzir a produção de soja da Argentina na safra 2024/25.
Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), uma das entidades que representam o setor produtivo no país, com as lavouras de soja inundadas, a colheita do grão deve atrasar, além de impactar, posteriormente, o plantio do milho de inverno.
A BCBA ainda calcula os números dos impactos, que serão divulgados na quinta-feira, 22. A estimativa da entidade é de que a Argentina produza 50 milhões de toneladas na atual temporada, mas essa projeção deve diminuir em razão das inundações.
Dados da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) mostram que os volumes acumulados chegaram a quase 400 milímetros em diversas localidades do norte da província de Buenos Aires. Além disso, o oeste da província sofreu impactos, agravando um cenário já afetado por chuvas em março.
Até a quinta-feira passada, 15, 64,9% da soja havia sido colhida, restando cerca de 530 mil hectares a serem recolhidos no norte da província, área potencialmente afetada pelas chuvas recentes.
No oeste de Buenos Aires, que já está com os trabalhos atrasados em relação à safra 2023/24, ainda faltam colher 730 mil hectares, mas a expectativa da BCBA é de que a área impactada seja parcial.
A Argentina é um dos principais produtores globais de soja e do farelo do grão. Os temores do setor agropecuário local são de que, com uma eventual quebra de safra, o mercado recorra ao Brasil, um de seus principais concorrentes, que deve bater recorde na produção de soja em 2024/25, com 168,3 milhões de toneladas, segundo projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo a BCBA, o principal receio dos produtores está nos cultivos ainda não colhidos e na incerteza sobre o plantio da safra de inverno.
Em Salto, uma das cidades mais atingidas pelas chuvas, o milho de segunda safra ainda não foi colhido, embora a área plantada tenha sido menor em razão da praga da cigarrinha.
A BCBA projeta potencial perda em lotes de soja de segunda safra, devido à seca em janeiro e agora às chuvas excessivas. A projeção é de que a Argentina alcance 49 milhões de toneladas de milho em 2024/25.
Para os próximos dias, as previsões indicam a continuidade das chuvas e garoas, com o ingresso constante de ar úmido do Atlântico, o que pode prolongar o quadro de instabilidade, segundo a BCR.
“O tempo para o escoamento dos excessos pode influenciar a magnitude dos danos produtivos”, diz o relatório da BCR.