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Brasil pode dobrar exportação de carne bovina para o México em 2025, diz Perosa, da Abiec

Exportações da proteína brasileira passaram de US$ 20 milhões para US$ 370 milhões apenas no primeiro semestre deste ano

Carne em açougue: Brasil busca aumentar exportações a outros países e compensar efeitos do tarifaço de Trump (Erlon Silva - TRI Digital/Getty Images)

Carne em açougue: Brasil busca aumentar exportações a outros países e compensar efeitos do tarifaço de Trump (Erlon Silva - TRI Digital/Getty Images)

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 18h13.

CIDADE DO MÉXICO* - O comércio de carne bovina brasileira para o México está em franca ascensão. No ano passado, o país exportou US$ 250 milhões do produto, um avanço significativo dos aproximadamente US$ 20 milhões registrados em 2023. A expectativa é que esse valor dobre neste ano.

"Esse ano de 2025 tem sido ainda melhor. Somente até julho, nós já exportamos US$ 370 milhões, com uma perspectiva de dobrar isso até o final do ano", disse à EXAME, Roberto Perosa, presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), durante o Fórum Empresarial México-Brasil, da ApexBrasil, na Cidade do México.

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A carne nacional se beneficiou de dois movimentos. Em 2023, o Brasil conseguiu abrir o mercado de carne bovina mexicano, em um movimento há muito esperado pelo setor.

Além disso, a presidente mexicana Claudia Sheinbaum aposta no Paquete Contra la Inflación y la Carestía (PACIC), programa que zera as tarifas de importação para produtos da cesta básica no México para diminuir a inflação local.

Um dos principais pontos de atenção tanto do setor quanto da diplomacia brasileira é que o programa seja renovado de forma bianual -- hoje, isso ocorre anualmente.

"O mercado foi aberto do meio para o final de 2023. Naquele ano, foram exportadas apenas 5.000 toneladas, algo em torno de US$ 20 milhões. Em 2024, um ano inteiro já de exportação, houve uma aceitação muito grande da carne brasileira aqui no México como forma complementar a produção nacional, e exportamos quase US$ 250 milhões", afirmou Perosa.

México: um grande mercado

Para ele, o país se tornará um grande mercado caso as tendências atuais se mantenham.

"Pode ser um mercado com potencial muito grande para o Brasil, e ser uma grande destinação para o Brasil", afirmou Perosa. "É a carne brasileira se diversificando nos destinos, encontrando um meio de superar essa baixa que teve com o tarifaço americano."

O governo brasileiro, liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, realiza uma missão comercial no México nesta semana. Representantes da ApexBrasil, do Ministério da Agricultura, do Itamaraty e centenas de empresários participam de reuniões para ampliar a interação comercial entre os países.

Na tarde desta quarta-feira, por exemplo, os países assinaram um Memorando de Entendimento sobre cooperação entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Sader, equivalente mexicano, em diversas etapas da produção agropecuária, que prevê intercâmbio de informações, tecnologias e boas práticas, visitas técnicas e atividades estratégicas de facilitação do comércio bilateral.

Para isso, "será criado um grupo de trabalho com representantes das áreas técnicas de ambos os países que irá identificar as áreas de interesse comum, planejar, implementar e atualizar o Plano de Trabalho", diz nota do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Esse é o primeiro de uma série de acordos e memorandos que devem ser assinados até esta quinta-feira, 28, quando Alckmin se encontrará com Sheibaum.

* O jornalista viajou a convite da ApexBrasil

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